Putin propõe controlar gases com efeito de estufa com satélites



O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs aos Estados Unidos utilizar satélites para investigar os níveis de gases com efeito de estufa em todo o mundo, revelou o enviado especial norte-americano para o Clima, John Kerry.

Numa entrevista ao jornal russo Kommersant, Kerry, que esteve esta semana em Moscovo, referiu que Putin propôs que os dois países colaborem na recolha de informações por satélite, “algo que pode dar muita informação sobre as emissões de gases com efeito de estufa”.

Segundo o antigo secretário de Estado norte-americano, esta colaboração permitirá detetar até que ponto são cumpridas as promessas de reduzir as emissões para a atmosfera.

Kerry, que quarta-feira conversou telefonicamente com o Presidente russo, valorizou positivamente a proposta de Moscovo e garantiu que irá ser analisada “minuciosamente”.

“[Putin] referiu-se a várias formas de cooperação na área da descarbonização, nas tecnologias de desenvolvimento florestal e num foco especial em relação às decisões tomadas com base nas exigências ecológicas”, afirmou Kerry, ao constatar que o Presidente russo “analisou um conjunto de ideias muito positivo”.

Entre elas citou a proposta de se realizarem investigações conjuntas no Ártico ligadas a tecnologias de ponta, como a captura e soterramento de carbono ou hidrogénio.

“Existem áreas em que podemos tentar fazer algo”, acrescentou.

Também quarta-feira, Putin disse que Moscovo e Washington partilham “interesses comuns” nas alterações climáticas.

“O problema do clima é um dos setores onde a Rússia e os Estados Unidos têm interesses comuns e abordagens similares”, realçou Putin, em comunicado divulgado então pelo Kremlin.

Aí se garantiu que Putin “dá uma grande importância” à realização dos objetivos do Acordo de Paris sobe o clima e acrescentou-se também que apoia um “diálogo despolitizado” sobre este assunto.

Putin e Kerry “sublinharam a importância de os Estados Unidos e a Rússia trabalharem em conjunto sobre um conjunto de questões climáticas”, confirmou o Departamento de Estado norte-americano.

Por seu lado, num comunicado do Departamento de Estado norte-americano, Kerry sublinhou o papel que a Federação Russa pode desempenhar na luta contra o aquecimento global no seio do Conselho do Ártico, bem como a campanha que visa acabar com as emissões de gases com efeito de estufa causadas pelo carvão.

Na capital russa durante esta semana, John Kerry já tinha apelado ao desenvolvimento da cooperação com Moscovo no campo do clima, durante uma reunião com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.

A Federação Russa, um dos principais produtores mundiais de petróleo e gás, assumiu nos últimos anos compromissos que sugerem que está a levar a sério as alterações climáticas, em contexto de multiplicação de fogos florestais na Sibéria, ano após ano, e de fusão do ‘permafrost’ (terreno permanentemente congelado), o que coloca em risco várias cidades no Ártico.

Durante o seu discurso anual, em abril, Putin declarou que a Rússia deveria adaptar-se às alterações climáticas e ordenou a criação de uma indústria para reciclar as emissões de carbono.

As alterações climáticas são um dos raros domínios nos quais os Estados Unidos e a União Europeia se declararam prontos para cooperarem com a Federação Russa, em contexto de tensão permanente.





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