Qual o passado do rio Amazonas? (com FOTOS)



Há muito que o debate sobre a origem do rio Amazonas divide investigadores, e o caso não é para menos: trata-se do maior rio do mundo, com sete mil quilómetros de extensão e 20 quilómetros de largura, quando chega a Manaus.

Em tempos, uma equipa de investigadores do Rio de Janeiro concluiu, com base em fósseis de peixes, que há 2,5 milhões de anos um esboço do rio Amazonas corria para oeste e desaguava numa área árida do Caribe. Agora, um geofísico de São Paulo apresenta uma nova possível explicação para a formação do rio e da bacia Amazónica, sugerindo que as suas águas já fluíam para leste há muito mais tempo, há cerca de 10 milhões de anos.

De acordo com este estudo, desenvolvido a partir de uma simulação matemática da evolução do terreno e do depósito de sedimentos na região, o rio Amazonas teria tomado o seu sentido actual, de oeste para leste, não só em consequência de alterações no interior da Terra, que desencadearam um surgimento da porção oeste da Amazónia, de acordo com a abordagem tradicional, mas também como resultado da movimentação da própria superfície terrestre. Um aumento na erosão das cordilheiras andinas pelas intempéries teria criado o declive que se estende dos Andes à Ilha de Marajó – e por onde hoje escorre um quinto das águas fluviais do planeta.

“Mostrei que a própria dinâmica da erosão e sedimentação teria sido capaz de modificar a drenagem da região”, afirmou ao Planeta Sustentável a o geofísico Victor Sacek, professor da Universidade de São Paulo (USP), que detalhou esta hipótese num artigo publicado na revista Earth and Planetary Science Letters. As suas conclusões convergem com as do geólogo Paulo Roberto Martini, cuja equipa estabeleceu em 2008 o rio Amazonas como o mais extenso do mundo.

“A rapidez com que os Andes crescem e a erosão que o Amazonas provoca na cordilheira são monumentais”, diz Martini. “O rio transporta para o mar o equivalente a mais de um Pão de Açúcar inteiro de sedimentos por mês.”

Para entender essa hipótese, é preciso rever a evolução da paisagem na região. Há 24 milhões de anos, no início do período geológico conhecido como Mioceno, as nascentes dos rios do norte da América do Sul não ficavam nos Andes, como hoje, mas em relevos bem menos expressivos a oeste, que dividiam as águas da região em duas bacias hidrográficas distintas.

A leste do divisor de águas, os rios desciam em direção à actual foz do Amazonas. A oeste, os rios seguiam na direcção oposta, rumo a bacias aos pés dos Andes, e alimentavam imensos lagos e pântanos, que formavam uma área alagada 20 vezes maior que o actual pantanal, conhecido como Sistema Pebas.

De acordo com a geóloga Carina Hoorn, da Universidade de Amsterdão, na Holanda, as bacias separadas pelo Arco Purus teriam começado a fundir-se há 16 milhões de anos. Assim, o rio Amazonas e sua bacia teriam ganho a sua extensão actual durante os seis milhões de anos seguintes, quando a inclinação do relevo do norte do continente fez a água dos lagos entre os Andes e o Arco Purus começar a fluir por rios preferencialmente para leste.

Estas conclusões foram reforçadas pela equipa do geólogo Jorge de Jesus Figueiredo, depois de esta recolher e analisar amostras de rochas em poços de sondagem no fundo do mar próximo à foz do Amazonas.

Saiba mais sobre o tema neste link e veja algumas das mais belas fotos do Amazonas.

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Fotos: Daniel Zanini H / Don Perucho / A C Moraes / johrling / Carlos Eduardo Mateus / A.Davey / Emiliano Ricci / Aah-Yeah / Sol Robayo / Dallas Krentzel / Ministerio TIC Colombia





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