Para quando teremos tecnologias de captura e armazenamento de CO2 em Portugal?



Numa altura em que é imperativo travar as emissões de gases com efeito de estufa, uma das opções que está em cima da mesa – como alternativa às energias renováveis – é a captura e armazenamento de dióxido de carbono (CO2) – tecnologias conhecidas como CCS (do inglês CO2 capture and storage).

E o que são estas CSS? A tecnologia CSS envolve a captura do CO2 em grandes fontes estacionárias, como centrais termoeléctricas, cimenteiras e refinarias, antes de ser emitido para a atmosfera e o seu transporte por gasoduto ou navio até um local de armazenamento, onde o CO2 é injectado a grandes profundidades – normalmente superiores a 800 metros – em formações geológicas de características apropriadas que garantam a retenção de CO2 durante milhões de anos.

Esta tecnologia está a dar os primeiros passos a nível internacional mas contam-se já 59 projectos de CCS em todo o mundo: 21 em operação e 38 em diferentes fases de desenvolvimento. Na Europa existem apenas dez destes projectos, não sendo nenhum deles em Portugal. A América do Norte é pioneira na tecnologia, com 26 projectos, seguida da Ásia, também com dez projectos. Na Áustrália existem três e na América do Sul e África existe apenas um.

“Não se pode depender apenas das energias renováveis. Há que olhar para estas opções se queremos ter um nível de desenvolvimento viável a nível europeu”, indicou Pedro Mora Peris, vice-presidente da Plataforma Tecnológica Espanhola de CO2, durante a conferencia “Indústria na transição para uma Economia de Baixo Carbono: o papel da tecnologia de captura e armazenamento de CO2”, inserida na Green Business Week. A Plataforma Tecnológica Espanhola de CO2, dotada em parte de fundos governamentais espanhóis, tem como missão abordar o desenvolvimento tecnológico em Espanha que contribua para diminuir o impacto das emissões de gases com efeito de estufa.

“Portugal e Espanha são mais verdes em CO2 que a média europeia e devemos trabalhar em conjunto. No final, o plano estratégico de CO2 terá de ser a nível ibérico”, indicou o representante espanhol.

Portugal e as CCS

Ao contrário de Espanha, Portugal está ligeiramente mais atrasado no que toca às tecnologias de CCS. De acordo com um estudo do Perspectives for capture and sequestration of CO2 in Portugal – um consórcio entre a FCT/UNL, Universidade de Évora, LNEG, REN e Bellona Institute – a tecnologia CCS não será implementada em Portugal antes de 2030.

Embora a sua implementação ainda esteja longe existem já dados sobre as possíveis localizações para locais de armazenamento de CO2 no território nacional. A Bacia do Porto (offshore), Bacia Lusitaniana (offshore e onshore) e Bacia do Algarve (offshore) são os locais com melhores perspectivas para o armazenamento subterrâneo de CO2.

Além de permitir um armazenamento do CO2 produzido pelas indústrias mais poluentes a operarem em Portugal, a tecnologia CCS permitirá a criação de novos postos de trabalho em áreas como a construção, engenharias, ciências do ambiente, e manutenção de equipamentos.

Foto:freefotouk / Creative Commons





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