Quase 40% dos fogos em 2023 tiveram origem em queimas e queimadas
Quase 40% dos incêndios florestais em 2023 tiveram origem em queimas e queimadas, num ano em que o número de fogos é o segundo mais baixo da década e a área ardida a terceira mais reduzida, segundo um relatório.
O relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas do (ICNF) indica que entre 01 de janeiro e 15 de outubro deste ano deflagraram 7.635 incêndios rurais que resultaram em 34.420 hectares (ha) de área ardida, entre povoamentos florestais (19.281 ha), mato (12.994 ha) e agricultura (2.145 ha).
O documento dá conta que foram investigados 6.498 dos 7.635 incêndios rurais registados este ano, tendo sido concluído o processo de averiguação de causas a 85% dos fogos e responsáveis por 94% da área total ardida.
“Destes, a investigação permitiu a atribuição de uma causa a 4.519 incêndios (70% dos incêndios investigados – responsáveis por 67% da área total ardida)”, refere o ICNF, acrescentando que, até à data, as causas mais frequentes em 2023 são as várias tipologias das queimas e queimadas (39%), seguido do ‘incendiarismo – imputáveis’ (28%).
O relatório avança que este ano registaram-se “menos 43% de incêndios rurais e menos 72% de área ardida relativamente à média anual” dos últimos 10 anos, apresentando-se o ano de 2023 com “o segundo valor mais reduzido em número de incêndios e o terceiro valor mais reduzido de área ardida desde 2013”.
Em relação ao mesmo período de 2022, este ano registaram-se menos 2.073 fogos florestais e arderam menos 75.490 hectares, refere o documento, adiantando que, na última década, foi em 2021 que deflagraram menos incêndios, num total de 6.163, e a área ardida foi inferior em 2014 (22.544 ha), e em 2021 (27.129 ha).
Segundo o ICNF, 85% dos incêndios rurais deste ano tiveram uma área ardida inferior a um hectare, tendo sido registados apenas quatro fogos com uma área ardida superior ou igual a 1000 hectares.
Os maiores incêndios que ocorreram este ano foram o de Odemira, que começou em 05 de agosto e consumiu 7.513 hectares, e o de Castelo Branco, que teve início em 04 de agosto e queimou 6.553 hectares.
O relatório indica também que os distritos com maior número de incêndios este ano são o Porto (1.567), Braga (741) e Viana do Castelo (620), mas em qualquer um dos casos são maioritariamente de reduzida dimensão, enquanto os mais afetados em área ardida são Castelo Branco, com 7. 432 hectares, cerca de 22% da área total, seguido de Beja, com 5.914 hectares (17% do total), e de Braga com 2 828 hectares (8% do total).
De acordo com o ICNF, agosto foi o mês, até à data, com maior número de incêndios rurais, com um total de 1.757 incêndios, bem como o mês com maior em área ardida, com 21.964 hectares, o que corresponde a 64% do total de área ardida registado no ano.
Na primeira quinzena de outubro deflagraram 489 incêndios que consumiram 1.476 hectares.