Quatro das 33 novas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos abrangem Portugal
O grupo de trabalho da União Internacional para a Conservação da Natureza aprovou a criação de 33 novas áreas de Importância para Mamíferos Marinhos, sendo que quatro abrangem Portugal, revelou hoje um centro da Universidade do Porto.
Em comunicado, o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR), que integrou o grupo de trabalho, esclarece que as recém-aprovadas Áreas de Importância para Mamíferos Marinhos, designadas de IMMAs, são resultado de “um encontro de trabalho científico intensivo”.
Durante esse período, os investigadores avaliaram, compilaram e analisaram os dados relevantes para a definição destas 33 novas áreas, que já foram adicionadas ao e-Atlas e que estão disponíveis para consulta e acesso.
Citada no comunicado, a investigadora Mafalda Correia, do CIIMAR, esclarece que as escolhas tiveram por base critérios relacionados com “a ecologia e biologia das espécies”, podendo ser úteis para a ciência, sociedade e gestão marinha.
Destas 33 novas áreas, quatro abrangem o território português, incluindo os arquipélagos dos Açores e da Madeira.
Uma das IMMA que engloba a costa continental portuguesa “tem como uma das espécies alvo o boto”, que “corre sério risco de extinção na nossa costa”, afirma a investigadora Cláudia Rodrigues, do CIIMAR.
Outra das IMMA é a do Sado, que destaca a importância da região para “a pequena população residente de roazes, que é altamente dependente do estuário do Sado para atividades vitais, como a alimentação, o repouso e a amamentação das suas crias”, refere a investigadora Inês Carvalho, do Instituto Gulbenkian de Ciência.
Também Francisco Martinho, da Associação para as Ciências do Mar – APCM, considera que “seria importante que esta IMMA funcionasse como uma chamada de atenção para a urgência da união de esforços de conservação desta população única de golfinhos em Portugal”.
Já a IMMA dos Açores engloba “as águas em redor de todas as ilhas até à batimétrica dos dois a três mil metros de profundidade” e visa a proteção da “elevada biodiversidade de cetáceos na região”.
Esta IMMA destaca a importância do arquipélago “como área de alimentação, reprodução e migração de várias espécies ameaçadas ou vulneráveis, como a baleia azul, baleia comum ou o cachalote”, assinalam os investigadores Mónica Silva, Laura Gonzalez, Sergi Pérez-Jorge e Margarida Rolim, da Universidade dos Açores.
Por sua vez, a IMMA da Madeira estendeu-se ao território espanhol, abrangendo também as ilhas canárias.
“Esta IMMA alberga um terço da biodiversidade global de cetáceos, onde habitam populações residentes de roazes, baleias-piloto e baleias-de-bico”, refere Luís Freitas, do Museu da Baleia da Madeira.
Já Filipe Alves, do The Marine and Environmental Sciences Centre (MARE), sublinha a importância da área para a “alimentação, repouso, socialização e desenvolvimento das crias de pelo menos 10 espécies de cetáceos”.
Os investigadores apelam agora a que estas IMMAs sejam consideradas no ordenamento do território marinho, criação de áreas marinhas protegidas e na realização de avaliações de impacto ambiental.
A nível mundial existem atualmente 380 IMMAs e 185 zonas de interesse.