Queda dos níveis de dióxido de carbono não surpreende cientistas
Um pouco por todo o mundo tem se verificado uma diminuição significativa das emissões de dióxido de carbono (CO2), sendo que em Portugal a Associação ZERO estima uma redução de 52 mil toneladas de CO2 por dia, comparativamente ao ano passado.
Rob Jackson, presidente da Global Carbon Project, afirma à Reuters “Não me surpreendia ver uma queda de 5% ou mais nas emissões de dióxido de carbono este ano, algo único desde o final da Segunda Guerra Mundial.” O coronavírus está a ter impacto nos níveis de dióxido de carbono, é um facto, mas alguns especialistas questionam a durabilidade e eficácia desta redução, após o fim da pandemia.
Caso não existam mudanças estruturais, nem a evolução para uma economia sustentável, esta alteração não vai trazer benefícios nenhuns a longo prazo. Isto porque a descida dos níveis de CO2 deve-se, apenas, ao surto mundial de covid-19. Rob Jackson exemplifica o sucedido após a crise financeira de 2007-2008, em que se deu um aumento de 5,1% das emissões. Kristopher Karnauskas, da University of Colorado Boulder, salienta “Não vejo de que forma isto pode ser uma boa notícia, exceto para provar que os seres humanos impulsionam as emissões dos gases de efeito estufa”.
Neste contexto, o Acordo de Paris veio reforçar as medidas necessárias para a redução dos gases de efeito de estufa, e 2020 é um ano crucial para a mudança. Segundo o relatório da ONU “Emissions Gap Report” é necessária a redução de 7,6% destas emissões, ao ano, para atingir o limite de aumento de temperatura de 1,5°C proposto no Acordo. No entanto, com o vírus, várias medidas podem vir a ser impedidas.
Com o abrandamento de todos os setores, os governos estão a investir grandes quantias para impedir uma crise económica de maior escala. Sendo 80% do mundo dependente da energia fóssil, os especialistas estão agora a identificar até que ponto os países estão dispostos a investir em energias renováveis e a tornar a economia mais “verde”.