Quénia: lâmpadas solares baratas ajudam comunidades a poupar e a reduzir as emissões



Menos de um quarto dos 45 milhões de habitantes do Quénia tem acesso a electricidade. Mas há um projecto de iluminação solar que está a ajudar as comunidades rurais a poupar dinheiro e a reduzir as emissões de dióxido de carbono (CO2). A iniciativa chama-se “Use Solar, Save Lives” e foi lançada em 2004 por Evans Wadongo, um jovem engenheiro.

Durante a sua juventude, Wadongo experienciou os perigosos efeitos do uso de lâmpadas de querosene pois cresceu numa aldeia do oeste do Quénia onde não havia electricidade. Para estudar, Wadongo utilizava uma lâmpada de querosene, estando exposto ao fumo tóxico – conhecido por provocar problemas de respiração e visão, que deixou Wadongo com problemas oculares permanentes.

Determinado em fazer a diferença, Wadongo criou uma alternativa: uma lâmpada alimentada a energia solar a que chamou MwangaBora, que significa “boa luz” em Suaíli. A lâmpada não polui, não danifica a saúde de quem a utiliza e ainda permite poupanças monetárias, pois não é necessário comprar querosene. “Para uma família que ganhe dois dólares por dia, a querosene corresponde 30% a 40% do rendimento diário dessa família. Se conseguirem poupar esse valor, isso pode fazer uma grande diferença”, explica Wadongo ao Guardian.

As lâmpadas são feitas de restos de metal que são reaproveitados e pequenos painéis solares que carregam a bateria de uma lâmpada LED. À lâmpada pode ainda ser acrescentada uma entrada USB que permite carregar telemóveis e outros dispositivos.

Em vez de importar a tecnologia solar de um país produtor, Wadongo treina grupos de jovens para produzirem as lâmpadas. Posteriormente, as lâmpadas são dadas a grupos de mulheres que utilizam o dinheiro das vendas para criar pequenos negócios, como a avicultura ou a apicultura. “Quando as mulheres têm o seu próprio rendimento gastam-no com as famílias e toda a família beneficia”, indica Wadongo.

Actualmente, são já usadas 50.000 MwangaBora em todo o Quénia e projecto espalhou-se graças a vários prémios internacionais que foi ganhando e a doações, que chegam de todas as partes do mundo. Cada lâmpada custa cerca de €22,4, que paga os materiais, o treino dos construtores e a distribuição.

O projecto conseguiu já extrapolar as fronteiras do Quénia e está a ser implementado no Uganda. “Ainda temos muito trabalho a fazer no Quénia. Mas em 2018 queremos estar em pelo menos cinco países da África subsariana e ter um milhão de pessoas a beneficiar do nosso projecto”, avança Wadongo.

O impacto deste pequeno projecto, que nasceu no coração de África e está a crescer rapidamente, pode ser global. As lâmpadas solares ajudam a salvar vidas ao diminuir o risco de incêndio, a melhorar as condições das comunidades rurais e perspectivas educacionais mas também a salvar o planeta. “ Consumir um litro de querosene produz 2,6 quilos de CO2. Mais de mil milhões de pessoas utilizam diariamente querosene e é fácil imaginar a quantidade de CO2 emitido”, indica Wadongo.





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