“Rã de olhos dourados” vence concurso anual de fotografia da British Ecological Society
Todos os anos, a British Ecological Society promove uma competição fotográfica que pretende mostrar ao mundo o que de mais belo, inusitado e extraordinário tem a Natureza. Um leopardo em plena caça, uma ‘batalha’ de aves, um caranguejo-eremita que faz de lixo de plástico a sua nova casa e uma “rã de olhos dourados” que espreita a penumbra da noite foram algumas das fotografias do mundo salvagem que entraram no concurso deste ano.
E o primeiro lugar foi realmente para a fotografia dessa rã, da espécie Osteocephalus helenae, capturada pelo fotógrafo da conservação e biólogo evolucionário Roberto García Roa, que conta que “como dois faróis na escuridão, os olhos impressionantes da [Osteocephalus helenae] parecem brilhar na penumbra da noite”.
“Esta imagem revela a beleza da natureza escondida em Tambopata, uma região [do Peru] que está atualmente ameaçada pela mineração de ouro”, explica Garcia Roa, que assinala que “é paradoxal ver os olhos desta rã como pequenas pérolas douradas, porque, na realidade, o verdadeiro tesouro reside em assegurar a sua proteção desta área e dos seus habitantes”.
Em segundo lugar, ficou a fotografia de Peter Hudson, que conseguiu captar uma imagem que ‘congela no tempo’ os momentos finais da perseguição de um leopardo fêmea, batizada de Luluka, que caça uma espécie de pequeno antílope africano, o Raphicerus campestres, que servirá de alimento às suas crias, escondidas algures entre a vegetação, longe da objetiva do fotógrafo.
Hudson explica que o antílope é uma presa difícil de capturar, pois as adaptações que apresenta tornam-no um alvo extremamente veloz, pelo que nos diz que a perseguição terá longa e terá exigido à mãe leopardo um grande nível de perícia e astúcia. Ainda assim, só à quarta tentativa Luluka conseguiu caçar a refeição com alimentará as crias.
Na categoria dos estudantes, o ouro foi para Sam Eberhard, da Universidade da Califórnia, cuja objetiva captou o momento em que uma águia-de-cabeça-branca (Haliaeetus leucocephalus), no Oregon, transportava nas suas poderosas garras um airo (Uria aalge) que tinha caçado no topo de um penhasco.
A águia surge rodeada de um bando de gaivotas da espécie Larus occidentalis, que procuram roubar a presa recém-caçada.
“Adoro poder partilhar o esplendor deste drama entre múltiplas espécies”, conta Sam Eberhard.
Na categoria específica de “Pessoas e Natureza”, Andreas Eich venceu o primeiro lugar, com uma fotografia de um caranguejo-eremita numa praia da Indonésia, que se suspeita ser da espécie Coenobita, que, ao invés de uma concha desabitada, usa um pedaço de plástico como casa. A imagem coloca em forte contraste a beleza da paisagem costeira com os efeitos nefastos das atividades humanas sobre o mundo natural.
Outra das fotografias que chegou ao topo do pódio, desta vez na categoria de “Indivíduos e Populações”, foi capturada pela estudante Jennifer Holguin, da Universidade do Texas.
Um lagarto espinhoso da espécie Phrynosoma modestum surge empalado, literalmente, numa folha dura da planta Yucca, no Deserto de Chihuahua, no Novo México, Estados Unidos. Diz a autora da fotografia que o culpado terá sido uma ave canora da espécie Lanius ludovicianus, que tem por hábito empalar as suas presas, por não ter garras que permitam segurar a vítima.