Recifes de coral são essenciais para a saúde dos ecossistemas marinhos mas falta proteção



Numa altura em que falta exatamente uma semana para terminarem as negociações na cimeira global sobre a biodiversidade, a COP15, que decorre no Canadá, os cientistas alertam que os recifes de coral, especialmente os de profundidade, precisam de “conservação urgente”.

Um grupo de especialistas da Universidade de Oxford, do instituto de investigação Nekton e de outras organizações de defesa dos mares, com base nas conclusões de um estudo publicado este ano na revista ‘Conservation Letters’, apelam aos líderes mundiais reunidos na COP15 para incluírem os recifes de coral e profundidade, localizados abaixo dos 30 metros, sejam contemplados nas medidas que visam proteger 30% das áreas marinhas até 2030.

O estudo denunciava, pela primeira vez, de acordo com os autores, que os recifes de coral de profundidade, especialmente na região ocidental do Oceano Índico, “estão amplamente desprotegidos, apesar de estarem ameaçados por uma multiplicidade de fatores de stress”, tais como a sobrepesca, a poluição, as alterações climáticas e a mineração em mar profundo.

Os investigadores explicam que estes recifes fornecem “serviços de ecossistema essenciais” para ser possível tornar as comunidades costeiras, e outras, mais resilientes aos efeitos das alterações climáticas, além de serem fundamentais para a saúde dos oceanos e para assegurar a segurança alimentar humana.

Essas ‘construções’ subaquáticas servem também de refúgio a várias espécies de animais marinhos, “incluindo espécies comercialmente importantes”.

Paris Stefanoudis, principal autor do artigo, diz, em comunicado divulgado pela Universidade de Oxford, que “os recifes de profundidade são cruciais para a saúde dos ecossistemas marinhos”, cobrindo cerca de 8% dos oceanos a nível global.

Na região ocidental do Oceano Índico localizam-se recifes, tanto de profundidade como mais próximos da superfície, que são verdadeiros ‘hotspots’ de biodiversidade, “com grandes números de espécies que não se encontram em mais lugar nenhum na Terra”.

Dizem os cientistas que esses recifes “são essenciais para os 100 milhões de pessoas dessa região que vivem até 100 quilómetros da costa, incluindo mais de três milhões de pessoas” que dependem diretamente da pesca para a sua sobrevivência.

Com as previsões a apontarem que a população nessa região deverá duplicar durante os próximos 30 anos, aumentando os fatores de stress sobre esses ecossistemas que continuam sem a devida proteção.

“Para travar e reverter a perda de natureza, a Conferência das Nações Unidas para a Biodiversidade, a COP15, tem de priorizar a conservação de ecossistemas únicos, como os recifes de profundidade, um dos ecossistemas menos protegidos da Terra”, argumenta Lucy Woodall, outra das autoras do artigo.

Arthur Tuda, que esteve também envolvido na investigação, assinala que “para assegurar um Oceano Índico Ocidental próspero e resiliente, é essencial que os recifes de profundidade deixem de ser ignorados pelos cientistas e pelos decisores políticos”. E, por isso, devem ser “especialmente considerados nas estratégias de conservação e de gestão” da natureza.





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