Rede de Resistência Rural contra destruição da biodiversidade vai ser apresentada no sábado



A BRAVA — Rede de Resistência Rural vai ser apresentada no sábado como organização de apoio aos movimentos em todo país contra grandes projetos de “injustiça territorial” e que destroem os ecossistemas.

A BRAVA pretende ser uma “rede de resistência rural e fundo solidário para fortalecer o ativismo contra o extrativismo em Portugal” segundo um comunicado divulgado ontem pelos promotores da nova organização.

“A BRAVA — Rede de Resistência Rural é um movimento de entreajuda e um fundo solidário de âmbito nacional que apoia comunidades em luta contra o extrativismo e a destruição ambiental. Impulsiona movimentos enraizados em territórios sob ataque, ligando-os a quem os pode fortalecer com apoio financeiro, legal e estratégico”, refere o comunicado.

Joana Tadeu, da equipa de comunicação da nova organização, disse à Lusa que se pretende que a BRAVA abranja todo o país e que “ainda que não vá ter uma sede física vai poder apoiar associações e movimentos que surgem em resposta ao extrativismo desenfreado que acontece por todo o país”.

“O objetivo é apoiar num primeiro momento quem precisa de ajuda”, disse, explicando que já muitas centenas de pessoas aderiram ao projeto.

“É para que as pessoas não comecem do zero”, porque a BRAVA pode facultar-lhes ferramentas jurídicas, formação, apoio na divulgação de iniciativas ou denúncia pública, até na participação em consultas públicas, além do apoio financeiro, disse Joana Tadeu à Lusa, resumindo assim o objetivo da iniciativa: “partilha de conhecimento”.

No comunicado sobre a BRAVA, os promotores afirmam que em Portugal dezenas de comunidades rurais enfrentam projetos de mineração, megacentrais fotovoltaicas e eólicas, barragens, resorts e outras grandes obras, monoculturas e outras formas de destruição ambiental e injustiça territorial, sendo que a maioria acontece sem consentimento e sem retorno para as comunidades.

“A urgência climática e a transição energética estão a ser instrumentalizadas para justificar novas formas de colonização rural, em nome de uma ideia de progresso que não serve as pessoas nem respeita os ecossistemas”, acusam os promotores da iniciativa, explicando que a BRAVA surge para “transformar a resistência em projetos concretos, ligando quem pode ajudar a quem está na linha da frente”.

Joana Tadeu explicou que o projeto tem uma forte componente financeira e que se inspira na “Fondation Marius Jacob”, da Bélgica, que apoia movimentos em luta.

Através de um fundo de resistência rural a BRAVA vai financiar lutas de coletivos, através de doações. “Queremos que seja autogerido, solidário e transparente”, disse Joana Tadeu, explicando que os processos de apoio são feitos a cada três mil euros angariados.

Dinheiro para apoiar quem luta contra a extração de recursos sem respeito pelos limites do planeta, afirmou, explicando que tanto pode ser a instalação de painéis solares na Beira Baixa, projetos danosos para a costa alentejana ou a construção de “resorts de luxo” e “privatização de praias”.

No comunicado, Guilherme Serôdio, porta-voz da BRAVA, alertou que “a transição energética não pode ser uma transição extrativista” e que “a justiça climática tem de ter raízes nos territórios que sempre cuidaram dos valores ecológicos.”






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