Regressar à época medieval para trabalhar a lã de forma ecológica (com VÍDEO)



Há uns anos, estava Rosa Pomar a trabalhar como voluntária num campo arqueológico em Mértola, Alentejo, ficou “impressionada com a qualidade da lã que se usava na cooperativa de tecelagem” local, incomparavelmente mais macia que a que se vendia nas lojas – em Lisboa, por exemplo.

“Era uma lã muito bonita e macia, fiada à mão”, explicou ao Economia Verde a empresária de 37 anos, que é hoje proprietária da loja Retrosaria, no Chiado, Lisboa.

Então, começou a investigar os têxteis e fabrico artesanal de lã, percorrendo Portugal de norte a sul em busca de quem ensine e mostre como se faz. Todos estes ensinamentos foram compilados no livro Malhas Portuguesas, onde colocou 20 modelos de inspiração tradicional.

Para quem prefere a tecnologia, a empresária colocou também estes ensinamento em pequenos documentos vídeo, no projecto Lã em Tempo Real, que pode ver aqui.

Rosa viajou até uma pequena aldeia no Gerês para perceber como se trabalha a lã. Lá, quase toda a população sabe trabalhar a lã artesanalmente, mas já não o faz. Assim, acabam por queimar toda a lã da aldeia.

Segundo Rosa Pomar, existe na cidade um querer voltar à ruralidade, nem que seja por algumas horas diárias. “Em Lisboa, tenho uma sala cheia de alunas, licenciadas e pessoas com uma carreira activa, mulheres realizadas, que querem trabalhar a lã comigo”, explica.

Hoje, Rosa Pomar tem uma marca de lã biológica, apesar de tal não estar explícito no rótulo: “Eu não preciso de um rótulo que diga que a lã é biológica, porque eu sei que as ovelhas andaram no pasto, foram tratadas de determinada maneira, tosquiadas à mão – não houve energia eléctrica nem pegada de carbono associada [risos], a lã foi lavada na água do tanque…. Todo o processo é artesenal, é feito da mesma forma há 200, 300 ou 500 anos e é ecológico”, explica a empreendedora.

Da História Medieval, área em que Rosa é pós-graduada, para a lã artesanal não há assim tanta diferença. E Rosa Pomar é o melhor exemplo disso.

 





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