Renováveis devem ultrapassar carvão como maior fonte de eletricidade até 2025, prevê AIE



Um relatório divulgado esta terça-feira pela Agência Internacional de Energia (AIE) avança com uma previsão que poderá mudar as ‘regras do jogo energético’: até 2025, as energias renováveis serão a maior fonte de eletricidade a nível mundial, destronando o carvão.

Os especialistas consideram que nos próximos cinco anos a capacidade de produção de energia através das renováveis (como a solar, a eólica ou a hídrica) crescerá 75%, uma reorientação que terá como causa, sugerem, as preocupações com a segurança energética geradas pela guerra da Rússia contra a Ucrânia, que abalou fortemente o paradigma tradicional de produção de energia através de combustíveis fósseis. E o solar deverá ser a maior fonte de energia até 2027, fazendo com que se torne no “rei dos mercados globais da eletricidade”, argumenta Fatih Birol, diretor-executivo da AIE.

Assim, nos próximos cinco anos, as renováveis deverão representar 90% de toda a produção global de energia, crescendo da atual capacidade de cerca de 2.400 gigawatts para 5.640 gigawatts, o equivalente à atual capacidade de produção energética total da China.

Esse aumento está 30% acima das previsões que tinham sido feitas no ano passado. O aumento exponencial dos preços dos combustíveis fósseis e da eletricidade fazem com que as renováveis sejam olhadas com cada vez mais interesse quer pelos investidores, quer pelos próprios consumidores.

“As renováveis já estão a expandir-se rapidamente, mas a crise energética global levou-as para uma nova fase extraordinária de crescimento ainda mais rápido”, explica Fatih Birol, que acrescenta que nos próximos cinco anos deverá ser produzida tanta energia de fontes renováveis como a que foi gerada nos últimos 20 anos.

“Este é um exemplo claro de como a atual crise energética pode ser uma reviravolta histórica em direção a um sistema energético mais limpos e mais seguro”, salienta o responsável.

Essas previsões levam os peritos da AIE a considerarem como possível não exceder o limite de aquecimento global de 1,5 graus Celsius plasmado no acordo climático de Paris de 2015, que será fundamental para evitar cenários catastróficos, ou ainda mais catastróficos, considerando que as alterações climáticas têm feito sentir o seu peso em praticamente todos os cantos da Terra, desde cheias devastadoras no Paquistão, a secas severas e ondas de calor extremo na Europa e a fogos florestais de proporções dantescas nas Américas.

A AIE diz que o fortalecimento das renováveis nos países desenvolvidos poderá ser ajudado com a facilitação da atribuição de licenças e com o uso de mais energia de fontes renováveis para aquecimento e nos transportes.

Quanto aos países menos desenvolvidos, concentrados maioritariamente no chamado ‘Sul Global’, e que são também os que tendem a estar mais vulneráveis aos piores efeitos das alterações climáticas, embora pouco contribuam para o aquecimento global, a AIE diz que é preciso, por exemplo, reforçar as infraestruturas energéticas e facilitar o acesso a meios de financiamento com condições mais benéficas para essas nações.





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