Renováveis permitiram evitar a emissão de 19,9 milhões de toneladas equivalentes de CO2 em 2020
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O estudo sobre o “Impacto da Eletricidade de Origem Renovável”, desenvolvido pela consultora Deloitte para a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), foi ontem apresentando num evento, que contou com a participação do Secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, e do Presidente da Direção da APREN, Pedro Amaral Jorge.
O estudo avaliou o impacto e a contribuição da eletricidade de origem renovável na fatura dos consumidores, no sistema elétrico e na economia nacional, entre o período de 2016 e 2020. O documento projeta os seus efeitos no contexto da política energética e nos objetivos estabelecidos no Plano Nacional de Energia e Clima para Portugal até 2030 (PNEC 2030), olhando também para a nova ambição climática estabelecida pela União Europeia, presente no pacote legislativo europeu “Fit for 55%”.
Entre as principais conclusões da análise, retira-se que a contribuição das empresas de produção de eletricidade a partir de Fontes de Energia Renovável (FER) para o PIB Português foi de cerca de cerca de 18,5 mil milhões de euros no período analisado – cerca de 3,7 mil milhões de euros por ano – , representando 1,9% do PIB. Quanto ao emprego, em 2020, o impacto do setor de produção de eletricidade renovável deu lugar a 51 mil colaboradores, e ambiciona-se chegar aos 160 mil em 2030. Por outro lado, estas fontes renováveis permitiram também poupar em média, anualmente, até 50 euros na fatura para um consumidor doméstico e até 4.500 euros para um consumidor não-doméstico.
No MIBEL- Mercado Ibérico de Eletricidade, que é por definição um mercado marginalista, são agregadas as ofertas de compra e venda de energia elétrica por parte dos comercializadores e produtores, permitindo a formação das curvas da oferta e da procura. A interseção destas curvas define o ponto de equilíbrio do mercado – o preço em mercado diário da eletricidade para a respetiva hora. A Produção em Regime Especial (PRE) renovável tem, de um modo geral, um custo marginal zero (ou muito próximo do mesmo), o que contribui para a inserção, no MIBEL, de ofertas de eletricidade a um custo inferior no mercado, reduzindo assim o preço em mercado diário da eletricidade para uma determinada hora.
O estudo concluiu que entre 2016 e 2020 o preço de venda da eletricidade sem PRE renovável teria sido, em média, 24 euros Megawatt-hora (MWh) superior ao preço de venda que se verificou devido à incorporação de PRE renovável. Estima-se que as poupanças acumuladas obtidas desde 2016 sejam cerca de 6,1 mil milhões de euros, dos quais cerca de 2,5 mil milhões de euros correspondem aos anos de 2019 e 2020.
Relativamente ao impacto ambiental, as fontes renováveis permitiram evitar a emissão de 76 milhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono (CO2) no período analisado, o que equivale, em simultâneo, a uma poupança de mais de 1.842 milhões de euros em licenças de emissão de CO2. Só em 2020, foram evitadas 19,9 milhões de toneladas equivalentes de CO2. No cenário PNEC 2030, espera-se que a poupança total anual ascenda a cerca de 2.416 milhões de euros com licenças de CO2, associado a 25,5 milhões de toneladas equivalentes de CO2 evitadas.
Foi ainda evitado o gasto de aproximadamente 4,1 mil milhões de euros em importação de carvão e gás natural. Em 2030, perspetiva-se ser evitada a importação de cerca de 60 Terawatt-hora (TWh).
Numa fase final da apresentação, João Galamba deixou claro que “uma coisa podemos afirmar com toda a certeza: Neste momento ter 50% da eletricidade produzida em Portugal com tarifa garantida ao valor médio que tem, comparando com o valor de mercado, é inequivocamente um ganho muito significativo e a principal almofada que protege os consumidores portugueses”. O Secretário de Estado Adjunto e da Energia sublinhou ainda que a resposta é só uma, a de “acelerar e de facilitar”, e que é necessário “mais renováveis e o mais rapidamente possível”.