Resíduos plásticos globais devem quase triplicar até 2060, diz relatório da OCDE



A quantidade de resíduos plásticos produzidos mundialmente deve quase triplicar até 2060, indica o novo relatório “Global Plastics Outlook: Policy Scenarios to 2060” da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Estima-se que, deste total, cerca de metade vai acabar em aterros sanitários e menos de um quinto será reciclado.

Consequentemente, também as emissões de gases com efeito estufa (GEE) libertadas durante todo o ciclo de vida dos plásticos vão mais que duplicar, podendo chegar às 4,3 gigatoneladas de dióxido de carbono equivalente (CO2e). Outros impactos serão também visíveis, como a acidificação dos oceanos e a toxicidade humana.

O relatório define que sem uma ação radical para conter reduzir a procura, aumentar a vida útil dos produtos e melhorar a gestão de resíduos, a poluição do plástico continuará a aumentar, acompanhando o crescimento da população mundial. Num gráfico, é feita a comparação de dois cenários de políticas: o primeiro reflete uma ação regional, que diferencia de país para país, com políticas fiscais e regulatórias mais rigorosas em países da OCDE e menos nos restantes; o segundo reflete uma ação global, com medidas rigorosas para todos os países, com o objetivo de reduzir o descarte de plástico para quase zero até 2060. No primeiro cenário estima-se uma redução de 0,3% do PIB global, e no segundo, uma redução de 0,8% do PIB global.

A análise demonstra que o consumo global de plásticos aumentará de 460 milhões de toneladas (Mt) em 2019 para 1.231 Mt em 2060 na ausência de novas políticas. Com ação regional, prevê-se atingir 1018 Mt e com ação global, uma redução ainda menor de 827  Mt. O crescimento será mais rápido nos países em desenvolvimento e emergentes na África e na Ásia, embora os países da OCDE ainda produzam muito mais resíduos plásticos por pessoa (238 kg por ano em média) em 2060 do que os países não pertencentes à OCDE (77 kg).

O descarte de plástico para o meio ambiente deverá duplicar para 44 Mt por ano, enquanto o acumulo de plásticos nos lagos, rios e oceanos, mais do que triplicará. Prevê-se um aumento das 353 Mt registadas em 2019 para 1.014 Mt em 2060. Uma vez mais, com a ação regional este número poderia chegar às 836 Mt, e com a ação global, somente às 679 Mt. A maioria da poluição de lixo marinho vem de detritos maiores conhecidos como macroplásticos, mas a presença de microplásticos, que resultam de artigos como pellets de plástico industrial, têxteis e pneus usados, são também uma preocupação séria, revelam os autores.

A proporção de resíduos plásticos que são reciclados está projetada para aumentar para 17% em 2060, enquanto a incineração e o aterro continuarão a representar, respetivamente, cerca de 20% e 50% do seu destino final.

“Se queremos um mundo livre de poluição plástica, de acordo com as ambições da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) vamos precisar de tomar ações muito mais rigorosas e coordenadas globalmente”, refere Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE. “Este relatório propõe políticas concretas que podem ser implementadas ao longo do ciclo de vida dos plásticos e que podem reduzir significativamente – e até eliminar – o descarte de plástico no meio ambiente.”

Entre as várias medidas que podem ser aplicadas para reduzir o impacto do plástico e incentivar um uso mais circular dos mesmos, estão, a aplicação de impostos neste material, incentivos à reutilização e reparação de artigos de plástico, a reciclagem e utilização em novos produtos plásticos (plástico reciclado), o desenvolvimento de esquemas de Responsabilidade Estendida do Produtor, a melhoria dos sistemas de gestão de resíduos e o aumento das taxas de recolha de lixo.





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