Reutilização, e não a reciclagem, deve ser o foco da indústria da robótica para reduzir “lixo” eletrónico



Estimativas apontam para que os resíduos eletrónicos sejam a classe de resíduos sólidos que mais rapidamente tem crescido em todo o mundo, com cerca de 62 milhões de toneladas produzidas em 2022, das quais apenas 22,3% terão sido recolhidas e recicladas.

Isso significa que os aterros sanitários estão repletos de equipamentos e componentes, alguns dos quais representando riscos para o ambiente e a saúde humana, que podiam ser reutilizados, evitando a produção de novos produtos e a exploração e consumo de mais matérias-primas.

É por isso que uma equipa de investigadores das universidades de Bristol e de West England, no Reino Unido, apelam a que a indústria da robótica passe a conceber e produzir robôs que, no final das suas vidas úteis, possam ser reutilizados, criando uma economia circular da robótica.

Num artigo divulgado recentemente na ‘Springer’ e apresentado na conferência anual TAROS, alertam que os robôs e sistemas robóticos não são ainda considerados resíduos eletrónicos, levantando dificuldades à sua circularidade. Ainda assim, estão confiantes de que, futuramente, sejam incluídos nessa categoria.

“Os níveis de resíduos eletrónicos estão a aumentar globalmente todos os anos, e a introdução de novos produtos robóticos em casa, nas escolas e nos locais de trabalho só irá agravar esse problema no futuro próximo”, diz Helen McGloin, primeira autora do estudo, citada em comunicado.

Ainda que a reciclagem possa ser uma forma de reduzir o “lixo” robótico, os investigadores acreditam que dar-lhes outro uso será a melhor solução, embora reconheçam que isso poderá esbarrar em obstáculos como as atitudes das empresas e consumidores relativamente a robôs e sistemas em segunda mão.

“A reutilização de um robô permite que possa continuar a fornecer valor para lá do ponto em que, de outra forma, seria reciclado ou eliminado”, escrevem os autores no artigo.

Significa isto que, segundo os investigadores, a indústria da robótica, em vez de se focar exclusivamente a reciclagem como forma de reduzir os seus resíduos eletrónicos, deveria transformar a forma como opera, criando robôs e sistemas que, desde a sua conceção, possam ser vidas úteis muito mais longas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o descarte indevido de resíduos eletrónicos e até mesmo a sua reciclagem feita sem as devidas condições de segurança podem expor pessoas e o ambiente a substâncias altamente tóxicas, como o chumbo.

A OMS e a Organização Internacional do Trabalho calculam que milhões de mulheres e crianças que trabalham no setor da reciclagem informal de resíduos eletrónicos podem estar altamente expostas a esses riscos.





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