Ricoxete: as almofadas térmicas ecológicas produzidas por reclusos portugueses (com FOTOS)



“Se não for por aqui, há-de ir por ali” – é nesta base que assenta o nome Ricoxete, marca portuguesa de almofadas térmicas naturais feitas à mão, capazes de aquecer e aliviar pessoas de todas as idades, de forma simples e ecológica. O projecto desempenha ainda uma importante tarefa de responsabilidade social, uma vez que a produção das peças fica a cargo de reclusos em Portugal.

A convicção de que a linearidade do caminho não é uma prioridade para o sucesso tem estado certa neste caso e faz jus ao nome atribuído. José Miguel Lopes, 48 anos, é o impulsionador do projecto Ricoxete.com, que “surgiu por uma questão de mera sobrevivência”, revela ao Green Savers.

A ideia de criar almofadas térmicas nasceu numa altura em que José estava desempregado e acabou por se revelar-se uma nova oportunidade de vida. Como já se tem tornado prática no panorama actual, os projectos mais originais e fecundos nascem de momentos de crise – tipicamente o desemprego. Para José, uma antiga almofada feita de caroços de cereja da família que deliciava os seus filhos, Maria e Manuel, representou o clique para lançar mãos à obra.

Caroços e algodão

A marca cria almofadas feitas de caroços de cereja e puro algodão. Os caroços são óptimos armazenadores de calor e substituem de forma ecológica os tradicionais sacos de água quente. Depois de aquecidas por breves minutos no microondas, estas peças apresentam imensas mais-valias para a saúde – desde o alívio de dores musculares a cólicas e massagens. Podem ser usadas por pessoas de todas as idades, incluindo crianças. Mas especialmente para os mais pequenos existe também o Oliveira, um boneco térmico feito de caroços de azeitona.

“São feitos para dar amor, calor”, diz José. E acrescenta: “São feitos para serem mesmo usados, sem contra indicações. Duram toda a vida”. Falamos de produtos naturais, biológicos, biodegradáveis e hipoalergénicos.

A intenção deste empreendedor é, para além de ter uma fonte de subsistência, estendê-la “a quem quiser trabalhar, produzir, contribuir, participar”. E isto inclui reclusos.

Os produtos Ricoxete.com são produzidos manualmente por pessoas a cumprir pena de prisão em Sintra e em Tires. “Fui lá bater à porta e perguntei se faziam trabalhos para fora – disseram que sim”, explica. Deu formação aos reclusos e iniciou-se um novo ciclo de criação de riqueza – não apenas monetária. Em cooperação, a limpeza dos caroços fica a cargo dos reclusos de Sintra e a produção manual das peças das reclusas de Tires.

O modelo de produção é útil para ambos os lados – parte da receita dos produtos segue directamente para os trabalhadores – e já outras prisões contactaram a Ricoxete, interessadas neste tipo de parceria. José permite que estas pessoas tenham uma oportunidade de contribuição real num projecto inovador e promissor.

O projecto já foi distinguido com o segundo prémio do European Innovation Festival e promete continuar a desempenhar o seu papel na reinserção dos reclusos, aliado ao respeito pelo meio ambiente.

Os produtos podem ser adquiridos através do site.





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