Rio de Janeiro: poluição atmosférica mata mais que acidentes de viação
Os congestionamentos do trânsito no Rio de Janeiro têm aumentando vertiginosamente em função das inúmeras intervenções e obras em vários pontos da cidade brasileira, o que tem causado mais prejuízos à saúde dos cidadãos do que horas perdidas, de acordo com o Menos Um Carro.
Entre 2006 e 2012, 36.194 pessoas morreram em consequência de doenças causadas pela poluição atmosférica, segundo uma pesquisa de Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS). Este número é ainda mais alarmante quando comparado com o número de mortes provocadas por acidentes de trânsito entre 2006 e 2011: de acordo com dados do Mapa da Violência de 2013, 16.441 pessoas morreram no Rio de Janeiro, ou seja, menos da metade das mortes por poluição, informa o Jornal do Brasil.
Ainda de acordo com o estudo do ISS, em média, 14 pessoas morreram no Rio de Janeiro por dia devido à poluição atmosférica. Além disso, a pesquisa calcula que os óbitos por causa da poluição podem ultrapassar os registos de morte por VIH, cancro da mama e de próstata no estado do Rio de Janeiro, mesmo que as emissões de poluentes diminuam ao longo dos anos.
Cerca de 77% da poluição no Rio de Janeiro resulta da emissão proveniente dos carros, conclui o estudo. Segundo Evangelina Motta Pacheco, directora do ISS e coordenadora do estudo, “os parâmetros de medição de poluição do estado estão desfasados. Por isso, a pesquisa usou os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), que chegam a ser três vezes mais rígidos que os da legislação brasileira. Baseada nesses dados, a pesquisa mostrou que no estado do Rio de Janeiro a taxa de poluentes chega a ser duas vezes maior do que o que é determinado pela OMS”.
“Existem cidades no estado [do Rio de Janeiro] em que a taxa chega a ser três vezes maior, mas isso é apenas a média por ano. Durante a realização do estudo, quando analisamos a relação das emissões por dia, verificámos que estas chegam a ser entre seis até dez vezes maior do que é considerado para se ter um efeito mínimo na saúde”, alerta.
O trânsito do Rio de Janeiro já chegou a ser classificado como o terceiro pior do mundo, em 2012, e a situação não parece ter melhorado ao longo dos anos. Em 2013, um estudo indicou que o tempo que os brasileiros passam no trânsito superou o tempo dos congestionamentos em São Paulo.
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