Robôs de arroz renovável oferecem um papel apetecível para o futuro

Cientistas da Universidade de Bristol criaram robôs macios a partir de papel de arroz que se biodegrada em segurança no prazo de 32 dias.
A equipa descobriu que o ingrediente comum de cozinha, utilizado nos rolinhos primavera vietnamitas, é biodegradável, não tóxico e adequado para a criação de protótipos de robôs macios, aplicações de divulgação e de utilização única.
O estudo, publicado na Proceeding of the 2024 IEEE 7th International Conference on Soft Robotics (RoboSoft), mostra que o papel de arroz tem caraterísticas materiais semelhantes às dos materiais de silicone mais utilizados na robótica macia, abrindo possibilidades interessantes para investigadores, educadores, estudantes e o público em geral que queiram experimentar a robótica macia utilizando materiais sustentáveis e seguros em casa.
A autora principal, Christine Braganza, da Faculdade de Ciências e Engenharia de Bristol, explica que “a robótica macia é um campo em rápido crescimento a nível mundial que envolve a criação de robôs mais flexíveis e adaptáveis utilizando materiais macios como os elastómeros de silicone. No entanto, o trabalho com silicone gera resíduos de longa duração e nem sempre é amigo do ambiente”.
Os investigadores realizaram uma série de experiências para compreender como o papel de arroz, que é obtido de forma sustentável a partir do arroz (Oryza sativa L.) e da raiz de mandioca (Manihot esculenta), se compara ao silicone. Mediram a sua resistência, a sua suavidade e se se decompõe de forma segura sem prejudicar o ambiente. Descobriram que tem um desempenho semelhante ao do material de silicone robótico macio mais utilizado nas principais propriedades mecânicas, oferecendo a vantagem adicional de se decompor rapidamente sem a necessidade de temperaturas ou humidades mais elevadas.
A sua descoberta poderá ser útil de várias formas, para aplicações culinárias ou agrícolas, criando uma norma nova e sustentável na criação de protótipos para a robótica macia, ao mesmo tempo que acelera o envolvimento do público com a robótica macia.
A equipa procura agora construir um robô macio que se possa mover sozinho, utilizando apenas materiais biodegradáveis, para plantar sementes em áreas de difícil acesso. O próximo passo é investigar e produzir um sistema de combustível compostável e um mecanismo de controlo biodegradável, para que os robôs possam sair do laboratório para o ambiente.
Christine conclui: “A nossa investigação abre a porta para que qualquer pessoa possa experimentar, criar e inovar no domínio da robótica suave – diretamente a partir de sua casa e de forma sustentável.
“Também proporciona aos investigadores uma nova abordagem à criação de protótipos e é uma tecnologia promissora para aplicações agrícolas e de reflorestação, como a sementeira em áreas de difícil acesso”, acrescenta.