Sabonete antibacteriano está a prejudicar sistemas de tratamento de esgotos
O triclosan é um assassino indiscriminado, que elemina bactérias mesmo nos locais onde as comunidades microbianas trabalham arduamente para nos manter saudáveis, nomeadamente os sistemas de tratamento de esgotos.
As estações de tratamento de águas residuais adicionam frequentemente digestores anaeróbios de maneira a conseguirem reduzir a quantidade de lixo com que têm de lidar. As bactérias que sobrevivem em meios sem oxigénio degradam o lixo orgânico, incluindo os esgotos, e produzem pequenas moléculas de amónia, dióxido de carbono e metano – que pode ser utilizado como combustível. Assim, a quantidade de lixo a tratar é muito menor, o processo de tratamento é mais eficaz.
Contudo, na presença de produtos antibacterianos nas águas residuais, estas bactérias anaeróbias não podem fazer o seu trabalho de limpeza. O triclosan é um dos agentes antibacterianos mais utilizados e o seu uso está a tornar-se preocupante. Além de ser incorporado em sabonetes antibacterianos, produtos para o acne, este componente pode ser encontrado em outros produtos menos óbvios, como as pastas de dentes, detergente para a louça, roupa desportiva, balsamos labiais e até em lápis, refere o Nova Next.
Um novo estudo publicado na revista Environmental Science and Technology indica que “em estações de tratamento de águas residuais, os antibacterianos podem sabotar o trabalho das bactérias aeróbias e promover a resistência a outros micróbios”. Os resíduos sólidos que resultam do processo de filtragem e tratamento acabam muitas vezes como fertilizante, e são espalhados em campos e culturas, infiltrando-se no solo e matando vida microbiana essencial ao funcionamento dos ecossistemas do subsolo.
Contudo, o problema tem uma solução simples: acabar com o uso de triclosan. Vários estudos que investigaram o uso deste componente e a efectividade na redução de doenças concluíram que os sabonetes anti-bacterianos não são mais efectivos que os sabonetes tradicionais.
Foto: ASCOM – Prefeitura de Votuporanga / Creative Commons