Saiba por que razão o Japão vai sair mais forte da tragédia de Fukushima
Duas semanas depois da tragédia que assolou o Nordeste do Japão, actualmente existem poucas certezas sobre o futuro daquela região, especialmente numa altura em que as várias organizações governamentais e não-governamentais presentes no terreno se dividem nas opiniões e informações passadas para a opinião pública.
Das poucas certezas que há, no entanto, duas são relevantes. A primeira diz-nos que a reconstrução do nordeste japonês durará anos. Muitos anos. Há cidades e regiões inteiras que precisam de ser reconstruídas, assim como redes de informação, redes eléctricas e habitações.
A segunda é que, apesar de tudo, o Japão vai sair mais forte desta tragédia.
É certo que o País, uma potência industrial apesar dos poucos recursos energéticos, tem 30% das suas necessidades energéticas asseguradas por 55 reactores nucleares.
Não é menos verdade, porém, que o Japão “goza de uma posição única para uma recuperação sustentável”, como afirmava há dias Nathan Gardner no Global Viewpoint Network.
“Enquanto o mundo presta cada vez mais atenção ao terrorismo islamita ou ao milagre económico chinês, a nação insular tem estado envolvida numa revolução silenciosa como incumbadora de tecnologias eficientes do ponto de vista energético”, explica o jornalista.
Há dados que são públicos. O Japão é responsável por 50% da produção de energia solar fotovoltaica do mundo, gasta 20% menos de energia a produzir uma tonelada de aço que os Estados Unidos e 50% menos que a China, por exemplo.
“Daqui para a frente, as políticas públicas japonesas vão apostar ainda mais nas tecnologias verdes. Os reactores nucleares não vão desaparecer do Japão. Serão, todavia, menos importantes”, explicava esta semana Miguel Monjardino no Expresso.
As suas inovação passam pela exploração do chamado “gelo combustível” e desenvolvimento de ecrãs plasma mais eficientes energeticamente, passando pela conversão da electricidade das vibrações geradas pelos veículos nas pontes.
Um exemplo: a instalação que albergou os media no lago Toya, aquando da cimeira do G-8, em 2008, foi refrigerada por neve mantida em isolamento térmico, em vez de climatização.
As empresas japonesas também não se ficam atrás. O Japão é o principal fabricante de veículos híbridos, com Toyota, Komatsu e Honda na liderança destas inovações.
“Ultrapassada a tragédia, o Japão está mais preparado do que ninguém para construir um futuro melhor”, realça Gardner. Nós concordamos.