Seattle pode deslizar para a água num próximo terramoto



Quando se regista um sismo, é fácil concentrarmo-nos no grande dano estrutural que resulta directamente do abalo. Mas o risco secundário de deslizamentos de terras pode ser igualmente problemático. Com todas as suas colinas, a cidade de Seattle, nos Estados Unidos, enfrenta enormes riscos neste aspecto – um novo estudo da Universidade de Washington avança que há mais de 8.000 edifícios em zonas de deslizamento de terras.

Kate Allstadt, estudante de doutoramento e sismóloga na Pacific Northwest Seismic Network, é co-autora deste estudo. Envolveu-se na investigação depois de se mudar para a cidade e perceber a enorme quantidade de declives íngremes que tem – a cidade fica em cima da Falha de Seattle, que se crê ter sido responsável por um terramoto de magnitude 7,5 em 900 d.C.

“Eu pensei no que aconteceria a estas encostas se houvesse um sismo nesta falha ou nas suas proximidades”, diz ela. “Ninguém está realmente a estudar de forma quantitativa quantos deslizamentos ocorreriam. Eu pensei que seria importante, porque precisamos de nos preparar.”

O sismo do ano 900 foi de tal dimensão que causou um tsunami mortal e fez cair grandes extensões de floresta, ainda hoje submersa, no Lake Washington. Hoje em dia, as encostas em torno da água são densamente povoadas, pelo que o impacto de um fenómeno semelhante seria catastrófico.

Usando simulações de computador e uma ferramenta de sismologia chamada Método de Newmark, Allstadt e os seus colegas John Vidale e Art Frankel criaram vários mapas que mostram as zonas onde a ameaça é maior.

Existem alguns aspectos que poderiam minimizar ou maximizar os deslizamentos. Se um terramoto ocorrer durante a altura molhada do ano, como no início da Primavera, o solo pode estar húmido e muito mais propício a deslizamentos de terra catastróficos. A intensidade do sismo, obviamente, também interessa.

Infelizmente é difícil medir os padrões de actividade sísmica – os terramotos são difíceis de prever e a história humana de Seattle não remonta a tão longe como a de muitos outros países propensos a sismos, como o Japão.

É, por isso, fundamental começar a preparar a cidade para esta possibilidade, defende Allstadt – descobrir as micro regiões mais vulneráveis, planear respostas rápidas dentro e fora dessas zonas, prever que saneamento básico e infra-estrutura eléctrica poderia ser implementado, educar os compradores de casas para os riscos de se viver nestas encostas. “Pode ser agora ou dentro de alguns milhares de anos”, diz a investigadora. “Nós simplesmente não sabemos.”





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