Seca: Campanha de cereais do outono/inverno “deverá ser das piores”, alerta INE
Atualmente, 99,9% do território de Portugal continental está em seca, sendo que 35,2% está mesmo em seca severa ou extrema. Com as principais albufeiras com aproveitamento agrícola a 74% da sua capacidade em maio, face aos 76% do mês anterior, anteveem-se dificuldades ainda maiores para o setor agrícola, e também para o pecuário.
De acordo com análise divulgada esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), “a campanha cerealífera de outono/inverno deverá ser das piores, com as searas a apresentarem povoamentos ralos, palhas e espigas curtas e deficiências no enchimento do grão”.
A falta de chuva na primavera e as altas temperaturas sentidas em Portugal, e por toda a Europa, afetaram “de forma muito negativa, no ciclo vegetativo dos cereais praganosos de sequeiro, promovendo o seu adiantamento e o espigamento precoce”, diz o gabinete estatístico.
As previsões apontam para “baixas produtividades, havendo inclusivamente áreas de trigo mole e cevada cortadas para feno”.
Quanto às culturas de regadio, estão também previstas quebras, agravadas pela subida dos custos associados ao aumento das regas.
As plantações de batata de sequeiro deverão sentir uma diminuição de 5% da produtividade, comparativamente a 2022, e os pomares de cerejeiras já registam quebras de 50%, devido às condições meteorológicas adversas, como o calor extremo.
Ainda assim, as altas temperaturas parecem não ter afetado significativamente os pomares de pessegueiros, que apresentam atualmente “um desenvolvimento vegetativo normal para a época, com as previsões a apontarem para uma produtividade próxima dos valores normais”.
Seca afeta produção de pastos a sul do Tejo
A falta de chuva e temperaturas anormalmente altas afetaram “muito negativamente o ciclo vegetativo das plantas, sendo especialmente evidente nos prados, pastagens e culturas forrageiras”, diz o INE. A região do Alentejo destaca-se por uma quebra de cerca de 50% da produção forrageira, sendo que no interior do Baixo Alentejo e no litoral alentejano a “deterioração muito precoce e significativa” dos prados e pastagens permanentes obrigou “à suplementação alimentar dos efetivos pecuários em regime extensivo com alimentos conservados, numa época do ano em que, por norma, as necessidades alimentares seriam totalmente satisfeitas por pastoreio direto”.
O INE avança que, por causa das dificuldades sentidas, “alguns produtores estão a optar por reduzir o efetivo reprodutor, havendo mesmo casos de abandono da atividade no Baixo Alentejo e Algarve”.