Seca: Leiria reduziu perdas e quantidade de água distribuída em 2022
O volume de água distribuído no concelho de Leiria diminuiu em 2022 cerca de 120 mil metros cúbicos, ano em que se registou também uma redução das perdas, disse hoje à agência Lusa o vereador Luís Lopes.
“O volume de água distribuído pelos SMAS [Serviços Municipalizados de Água e Saneamento] de Leiria em 2022 teve uma redução na ordem dos 120 mil metros cúbicos, em todas as áreas, doméstica e não doméstica”, afirmou Luís Lopes.
Segundo o autarca, a quantidade de água distribuída em 2022 foi de “10.447.537 metros cúbicos, menos 120.257 do que em 2021”.
Ainda em 2022, as perdas de água na rede atingiram 35,03%, quando no ano anterior foram de 37,33%.
Em fevereiro de 2022, a Câmara de Leiria anunciou 32 medidas para mitigar os efeitos da seca, incluindo a análise da construção de reservas de água, um sistema de alerta para fugas e uso de outras fontes para rega, que integram o Plano Municipal de Gestão da Água.
Luís Lopes, que tem, entre outros, os pelouros do Ambiente e da Proteção Civil, referiu que “as ações que foram desenvolvidas o ano passado e já este ano levaram a uma redução das perdas”, considerando ser “uma redução substancial” atendendo à dimensão da rede de abastecimento de água no concelho.
No caso do consumo de água, destacou uma diminuição em áreas como a rega, proteção civil ou agricultura, realçando o impacto das campanhas, uma das quais para sensibilizar para a poupança de água, denominada “Todas as gotas contam”, com uma “excelente aceitação”, principalmente na comunidade escolar.
O autarca adiantou que “apenas seis” das medidas “não estão implementadas na sua totalidade”.
“Um exemplo disso tem a ver com alguns investimentos a serem feitos na nossa rede pública que ainda não conseguimos fazer na totalidade”, esclareceu, notando que, apesar da “auscultação [monitorização] de 1.500 quilómetros de rede, que é das mais extensas do país”, não se conseguiu concluir o investimento equacionado.
Outras das medidas prendem-se com o reaproveitamento da água que resulta de processos industriais e o “alargamento do sistema de telemetria, com novos contadores inteligentes”.
Luís Lopes manifestou-se ainda preocupado “com a evolução daquilo que é a disponibilidade de recursos hídricos para os próximos meses”.
“Relativamente ao ano passado, por esta altura, tínhamos mais água acumulada no solo, o que nos leva já a ponderar a implementação das medidas que tínhamos no Plano de Gestão da Água já a partir deste mês e não aguardar mais por reposição de precipitação”, declarou, sendo que neste âmbito se incluem as campanhas para uso da água da torneira, poupança de água e para evitar ligações não autorizadas.
O vereador salientou que “todos os indicadores dizem que será, muito provavelmente, um verão quente, seco”, notando, por outro lado, que vão decorrer eventos no concelho com “elevadíssima participação, o que significa também, quase por consequência direta”, um aumento do consumo de água, dando como exemplo a Jornada Mundial da Juventude.
“Sabemos que o nosso sistema tem um elevado nível de resiliência, o que significa que não nos preocupa o funcionamento do sistema, o que nos preocupa é o incremento descontrolado do consumo de água nos meses que se aproximam”, justificou, defendendo que “qualquer pessoa tem de ter noção que deve moderar o consumo de água potável” em regas ou na lavagem de automóveis e pavimentos.
Para Luís Lopes, não se conseguindo antecipar quando é que a precipitação possa repor os níveis de água, “é importante que todos tenham essa consciência e que contribuam para estes resultados”, declarou, apontando ainda a possibilidade de incêndios rurais.
Entretanto, ainda antes do verão está prevista a criação de um novo reservatório de água, na zona de Monte Real, o que totalizará 26 no concelho, para apoio ao combate aos incêndios.
Em 2021, os SMAS de Leiria detetaram 91 usos indevidos de água, número que aumentou para 222 no ano seguinte.
O concelho de Leiria tem uma rede de abastecimento de água com 1.900 quilómetros de extensão.
A situação de seca meteorológica aumentou em Portugal continental durante o mês de março, piorando na região sul, segundo o último boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.