Seca: Setor espera aumento da produção de miolo de amêndoa, mas seca prejudicou



A associação Portugal Nuts reiterou ontem a expectativa de um aumento de 20% na produção de miolo de amêndoa, este ano, agora que a colheita está a terminar, admitindo que seria superior se não fosse a seca.

“Esperamos, em termos nacionais, que o aumento da produção de miolo de amêndoa, este ano, suba até às 20.000 toneladas”, o que representa “um aumento de 20%”, afirmou ontem à agência Lusa o diretor executivo da Portugal Nuts, António Saraiva.

O responsável, que falava a propósito do balanço da campanha de frutos secos, realizado em Borba, no distrito de Évora, lembrou que o Instituto Nacional Estatística (INE) estima um aumento de produção de 15%.

“Achamos que vai ser mais. O INE fala em 15.000 toneladas e nós falamos em 20.000”, comparou.

António Saraiva explicou que a perspetiva de aumento de 20% da Portugal Nuts resulta de “áreas novas de pomares produtivos a entrar em produção”, sobretudo no sul do país, além de, no norte, os produtores terem tido “um ano de produção boa”.

Porém, avisou, “a produção não foi tão boa” quanto podia ser, já que, “durante o período de crescimento das plantas, o ano foi extremamente seco” e isso prejudicou o desenvolvimento do fruto.

“A amêndoa está lá, mas, depois, quando se descasca, o miolo dá menos rendimento, tem calibres menores, mas a qualidade é boa”, referiu.

Na zona do Alqueva, no Alentejo, onde previu que sejam produzidas este ano 8.000 toneladas de miolo de amêndoa, o responsável indicou que, atendendo à seca, a empresa gestora do empreendimento reforçou as dotações de rega.

“A EDIA [Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva] deu um reforço para os amendoais adultos. Em vez dos 5.700 metros cúbicos por hectare, [atribuiu] uma dotação de 6.140 metros cúbicos por hectare”, precisou.

Ainda assim, vincou António Saraiva, “essa quantidade de água para os produtores de amêndoa do sul foi insuficiente”, o que obrigou os produtores, nalguns casos, a “regar com défice hídrico”. Já outros tiveram de “cortar algumas regas”, indicou.

“Por isso, a produção não atingirá aquilo que podia ter atingido”, insistiu.

O diretor executivo da Portugal Nuts disse que a associação está a discutir com a EDIA e a administração pública a subida das dotações de rega para que o setor dos frutos secos fique “em pé de igualdade” com as outras culturas.

Fundada em 2020, a Portugal NUTS tem atualmente 54 associados, entre produtores e processadores, os quais representam cerca de 15.000 hectares de amêndoa, maioritariamente no sul do país e na Beira Interior, e cerca de 1.200 hectares de noz.

O balanço da campanha dos frutos secos está hoje a ser efetuado em Borba, no distrito de Évora, no Pavilhão de Eventos do Parque de Feiras e Exposições local, numa organização conjunta da Portugal Nuts – Associação de Promoção de Frutos Secos, Centro Nacional de Competências de Frutos Secos (CNCFS) e Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN).





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