Sem as montanhas, clima da Terra seria idêntico ao de Marte (com FOTOS)
Se não fossem as montanhas, o planeta Terra seria uma casca em órbita, fria como Marte. Essa é a conclusão de um novo artigo da revista Nature, que sugere que as montanhas funcionam como elevadores para os minerais profundos da terra, e que podem desempenhar um papel crucial na estabilização da atmosfera.
Montanhas como os Himalaias, Montanhas Rochosas e os Andes são cruciais para o manto da terra e permitem a ascensão desses minerais à superficie.
O cálcio é abundante entre estes minerais e, frequentemente, liga-se ao dióxido de carbono no ar, transformando-se em pedra calcária. A chuva, a neve e o vento dissolvem esse calcário e enviam-no de volta para o Oceano, onde se instala.
Louis Derry, geoquímico da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, diz que este processo já deveria ter sugado o dióxido de carbono da atmosfera. Demasiado CO2 contribui para o aquecimento global mas, se existir em pouca quantidade, torna a terra num lugar demasiado frio e que impede o desenvolvimento da vida.
“Se não fossem os mecanismos de resposta, o planeta estaria arruinado entre 5 a 10 milhões de anos”, refere Derry.
Os cientistas conhecem alguns mecanismos de resposta que poderiam ter retardado o arrefecimento, no entanto, estes, sozinhos, não explicam a estabilidade de longa data do nosso clima.
Mesmo os vulcões, que libertam carbono para o ar, não seriam suficientes para compensar o seu “sequestro implacável” dos oceanos profundos”, de acordo com o estudo.
A resposta, de acordo com Mark Torres, principal autor do artigo, é a pedra Pirita – ou sulfeto de ferro, também conhecido como ouro dos tolos – um mineral metálico das profundezas da terra que é empurrado para a superfície quando as montanhas sobem.
Estudo pode influenciar outros estudos climtéricos
Quando sobe pela montanha e é exposto ao oxigénio, ele liberta dióxido de enxofre, que é conhecido por romper as ligações de carbono com outros minerais não orgânicos – como o cálcio -, levando o carbono a escapar para a atmosfera como o CO2.
No entanto, até agora ninguém tinha pensado que as montanhas eram cruciais para o derramamento de pirite suficiente de forma a evitar o enorme défice de carbono.
Torres e os co-autores da pesquisa suspeitaram dos dados de uma pesquisa na América do Sul, quando verificaram um grande contraste entre os resultados dos minerais dos Andes com os das terras baixas da Amazónia. Por esse motivo regressaram à Califórnia e encontraram dados no rio de escoamento de quatro zonas montanhosas em que a pirite é abundante. Depois, eles analisaram os números, relacionando-os com uma estimativa global de enxofre encontrado em rochas marinhas.
Embora a área em questão fosse de apenas 2% do globo terrestre, as suas estimativas mostraram que a fonte era remetida para 40% do enxofre mineral derivado do mundo.
Esses factos foram suficientes para convencer os investigadores de que as forças da crosta terrestre em picos irregulares também ajudam o planeta a ter um clima relativamente estável, no que respeita a catástrofes – tais como impactos de meteoros, tempestades solares e revoluções industriais.
Torres, porém, admite que a metodologia utilizada não é perfeita. “A extrapolação de dados a partir de um único local para todo o planeta, num período de tempo curto, foi uma necessidade, porque a ciência química não é algo que possa ser medido em pedaços dentro de um laboratório”.
“Estamos a tentar entender o que está a acontecer em todo o mundo com base num valor”, referiu Torres, acrescentando que “a questão é como esse valor é representado por todo o mundo e se é preciso durante mais de 65 milhões de anos”.
Os investigadores acreditam que as provas do estudo são suficientemente convincentes para, pelos menos, influenciar as pessoas que estudam o clima a longo prazo a considerarem a utilização deste estudo nos seus ensaios: “Queremos que as pessoas comecem a pensar sobre isto e a inclui-lo nos seus modelos”, concluiu.
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Fotos (Andes de 1 a 6; Himalaias de 7 a 10 e Rocky Mountains de 11 a 15): Lluis Cabarrocas / Derek Keat / Emmanuel Dyan / Leandro’s World Tour / lakefire15 / Avraham Elias / Semilla Luz / Creative Commons