Ser parte da solução para as alterações climáticas significa ir para além do óbvio – agora!



Por: Olivier Blum, Chief Strategy and Sustainability Officer, Schneider Electric

As alterações climáticas são o maior desafio que a Humanidade enfrenta nos dias de hoje; trata-se de um repto global, omnipresente e em aceleração. A solução para as alterações climáticas tem, por isso, de ser igualmente abrangente: requer que todos nós – governos, empresas, investidores e cidadãos – implementemos não apenas soluções únicas e compromissos a longo prazo, mas também um conjunto de abordagens e ações concretas em várias frentes – já.

A nível governamental, felizmente, a sensibilização e a ação cresceram substancialmente.

Ao longo do último ano, vimos a China, o Japão e outros países assumirem compromissos ambiciosos para um futuro mais verde. Aqui mais perto, o European Green Deal pretende tornar a economia da UE ambientalmente neutra até 2050, através do investimento em tecnologias amigas do ambiente, da descarbonização do setor energético e de edifícios mais eficientes em termos energéticos, entre outras ações. Nos EUA, a cimeira virtual do clima do Presidente Joe Biden, no Dia da Terra, procurou enfatizar ainda mais a importância da descarbonização da economia mundial.

As empresas devem ser parte da solução – e há várias formas de o conseguirem

Tudo isto é, claro está, bem-vindo, mas os governos não podem nem devem estar sozinhos. As empresas também precisam de ter um papel na solução das alterações climáticas.

Afinal de contas, elas são grandes agentes económicos: as suas pegadas globais, ecossistemas corporativos e orçamentos de I&D significam que podem e devem trabalhar para um futuro mais verde.

E há muitas formas de o fazerem, a mais óbvia das quais sendo os produtos e soluções que proporcionam aos seus clientes.

À medida que aumentou a consciência sobre as alterações climáticas, também cresceu a procura dos clientes por tecnologias inovadoras que os ajudem a desenvolver as suas operações de forma mais eficiente; a economizar energia e matérias-primas; ou a administrar frotas de veículos, locais de produção e edifícios de escritórios para emitir menos CO2.

Algumas soluções de combate às alterações climáticas, como os veículos elétricos ou painéis solares, são bem compreendidas. Outras, como eliminar a utilização de SF6 – um potente gás de efeito de estufa frequentemente presente em equipamento elétrico que fornece energia às redes e às instalações elétricas industriais – são menos conhecidas fora do mundo da engenharia elétrica, mas altamente benéficas para o meio ambiente. A inovação digital pode perturbar o status quo em favor da descarbonização.

Depois, há também a capacidade das empresas de influenciarem e ajudarem clientes e fornecedores a caminhar para um futuro mais verde. Devem atuar cada vez mais como consultoras dos seus clientes, em vez de simples fornecedoras de bens e serviços. Isto significa ajudá-los a identificar oportunidades e a definir abordagens estratégicas, e apoiar a respetiva implementação.

Por outro lado, as grandes empresas contam com experiência e conhecimento valiosos, que podem ser tão importantes quanto o financiamento quando se trata de apoiar as iniciativas climáticas de instituições, think-tanks ou ONGs. Por exemplo, a Solar Impulse Foundation, liderada pelo conhecido explorador Bertrand Piccard, identificou 1.000 soluções limpas e lucrativas para o combate às alterações climáticas, demonstrando que as tecnologias limpas também podem ser financeiramente viáveis.

Finalmente, as empresas precisam de ser as primeiras a exemplificar como agir, definindo metas a longo prazo para as suas próprias operações e equipas, e incorporando considerações do foro ambiental e social nas suas operações diárias.

Isto exige perseverança, definição estratégica e consistente de objetivos, medição, readaptação e um aumento constante das ambições. Também requer ações no dia a dia, desde a formação interna e iniciativas de sensibilização a projetos e desafios locais, e ainda incentivos à reciclagem e poupança de energia (essas pequenas diferenças que importam tanto).

Ir para além do óbvio

No momento em que vivemos, raramente passa um dia sem notícias de um novo desastre relacionado com o clima – façamos com que as notícias sobre ações concretas também sejam igualmente frequentes.

Ações de governos, empresas e cidadãos comuns como eu ou o leitor: todos precisamos de dar um passo além do óbvio, e recorrer a todas as ferramentas que temos à nossa disposição – hoje e todos os dias. Temos muitas soluções – para quê esperar?





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