Será que o leite ajuda mesmo a fortalecer os ossos?
Actualmente, o leite é sinónimo de ossos fortes. Há muito que é uma recomendação da maior parte dos médicos aos seus pacientes. Todos acima dos oito anos de idade devem incluir pelo menos três copos de leite na sua dieta diária. Contudo, nos últimos anos vários especialistas começaram a questionar os verdadeiros benefícios do leite na construção e manutenção da massa óssea. Será que realmente o leite ajuda a fortalecer os ossos?
Um dos principais componentes do leite é o cálcio. Este mineral confere força estrutural aos ossos e dentes e ajuda o corpo humano a desempenhar outras funções como a coagulação do sangue e a transmissão dos impulsos nervosos. Normalmente, o corpo absorve o cálcio que necessita através da dieta mas, se a dieta for pobre neste mineral, o organismo começa a retirar cálcio dos ossos e dentes, tornando-os mais fracos. Daí a recomendação diária da ingestão de leite ou produtos lácteos.
Porém, em anos recentes, vários investigadores têm vindo a argumentar de que o leite pode provocar uma perda de cálcio nos ossos. A teoria, conhecida como “cinzas de ácido”, defende que a digestão do leite produz resíduos ácidos que tornam a urina (e como tal, o corpo) mais ácida. Para compensar esta acidificação, o organismo vai buscar às reservas minerais alcalinos – para neutralizar a acidez – como o cálcio.
Depois de esta teoria ter sido apresentada, alguns cientistas trataram de a refutar e em 2011 argumentaram que a hipótese era generalizadora e falaciosa, refere o Huffington Post. Estes investigadores argumentam, por exemplo, que o pH da urina não é indicativo do pH do corpo. Adicionalmente, estudos paralelos defendem que o consumo de leite torna a urina mais alcalina e não ácida.
Apesar de outros estudos paralelos argumentarem que a taxa de fracturas ósseas é maior em países que consomem mais produtos lácteos, investigações publicadas em 2011 indicam que existem outros factores que influenciam a saúde dos ossos para além do tipo de dieta praticada, como a actividade física, a genética e o peso. Na verdade a maior taxa de fracturas ósseas nos países desenvolvidos pode dever-se ao excesso de peso e sedentarismo e não ao consumo de leite.
A discussão sobre a ingestão do leite continua a ser controversa no meio da comunidade científica. Contudo, na generalidade, as investigações indicam que o consumo de produtos lácteos é benéfica para a saúde óssea, em parte devido aos outros nutrientes que compõem o leite para além do cálcio.
Foto: Rob Ellis’ / Creative Commons