Serra da Cabreira: ICNB não sabe se mandou abater bosque com habitat único



Milhares de árvores foram recentemente marcadas para abate no interior do Turio, em Montalegre e Vieira do Minho. Segundo a SOS Serra da Cabreira, que foi criada para denunciar a situação, há lobos, cervos e garranos em risco de serem também afectados pela destruição do habitat.

No entanto, o que mais preocupa a associação é o pinheiro-silvestre, espécie em perigo de extinção. “A situação atinge contornos dramáticos porque a área, mais de 35 hectares, viu milhares de espécies da floresta marcadas para abate”, explica o Blasting News. A zona é conhecida como Bosque Lírio.

Segundo o Blasting News, o movimento SOS Serra da Cabreira já juntou mais de 1500 pessoas que, através de e-mails, têm questionado o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). De acordo com Rui França, porta voz do movimento, a entidade “também desconhece a situação”.

“As Câmaras de Vieira do Minho e de Montalegre [também desconhecem], assim como as associações de baldios. Ninguém sabe como começou esta marcação para abate feita à machadada”, diz Rui França.

Para o dia 26 de Abril está marcado um protesto deste grupo que, desde há 30 dias e com documentação devidamente fundamentada, pede a intervenção do ICNB, organismo este que, segundo Rui França, terá dado ordem administrativa aos vigilantes da natureza para o abate que ninguém assume.

“É uma zona rara no país e com imensos pinheiros silvestres, espécie em vias de extinção. Essencialmente estão também marcadas espécies resinosas. O abate vai afectar severamente outras espécies, nomeadamente os selvagens lobos ibéricos, cervos e garranos que ali habitam”, refere Rui França, que afirmou ainda esperar “bom senso” do organismo.

No Facebook do movimento SOS Cabreira são visíveis várias publicações de aderentes informando da resposta aos e-mails de Rogério Rodrigues, director do Departamento de Conservação da Natureza e Floresta do Norte, pedindo “localização geográfica” da situação. “Para podermos avaliar com maior urgência a situação, agradecemos se nos podem remeter a localização cartográfica da área em apreço, ou as respectivas coordenadas geográficas”, escreve o director.

Segundo Rui França, esta situação é estranha. “O director fala em aparente desconhecimento, mas o vigilante recebeu, alegadamente, ordens do ICNB para marcar uma área gigante de floresta para abate”, refere Rui França.





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