Serra de Monchique: perigo de incêndios deve-se a excesso de eucalipto
O incêndio de Monchique lavra desde a passada sexta-feira e não há sinais de que queira dar tréguas. As mais recentes informações da proteção civil dão conta que o incêndio continua fora de controlo, apesar dos 1205 bombeiros, 374 viaturas e 14 meios aéreos destacados para o combate à chamas.
Em comunicado, a Quercus indica que a elevada perigosidade de fogo nesta área deve-se, sobretudo, aos eucaliptais existentes, apesar do acumular de manta morta nesta área. A ONG indica que o comportamento do fogo nos povoamentos de eucalipto existentes projeta partículas incandescentes a vários quilómetros, provocando fogos secundários que dispersam os meios de combate e reduzem a sua eficácia. A Quercus indica também que grande parte da área afetada pelo fogo na Serra de Monchique integra o Sítio de Importância Comunitária – Monchique, da Rede Natura 2000.
Esta ONG explica que com base nos dados do Inventário Florestal Nacional, em 2010, a área de eucalipto no Algarve estava próxima dos 30.000 hectares, a grande maioria na Serra de Monchique e envolventes, tendo esta monocultura aumentado nos últimos anos nesta região, à semelhança do restante território nacional. Em Monchique, o eucalipto é a árvore dominante, com 13.888 ha (72,4%) da área florestal do concelho, seguido pelo medronheiro com 4.679 hectares e pelo do sobreiro com 2.210 hectares. A Quercus considera que se devia reduzir em 10% ou mais a mancha de eucalipto, no sentido de promover o ordenamento florestal com descontinuidades e povoamentos mais resilientes ao fogo.
Em agosto de 2003, arderam 41 mil hectares na Serra de Monchique e atualmente já arderam mais de 20 mil hectares, sem que o incêndio tenha ainda sido extinto. A Quercus considera que depois desta fase de combate e do necessário apoio às vítimas, os responsáveis políticos têm que optar pelo melhor modelo de desenvolvimento para o Algarve o que implica, na opinião da ONG, paisagens dominadas pelo sobreiro, medronheiro e outras folhosas autóctones, mais resilientes ao fogo e promotoras de biodiversidade e da conservação do solo, da água e da paisagem.