Setor de energia com maior potencial para reduzir emissões poluentes em Cabo Verde
O setor de energia é o maior responsável pelas emissões de gases com efeitos de estufa em Cabo Verde, mas, ao mesmo tempo, aquele onde existe “maior potencial” para reduzir essa poluição, demonstra um estudo ontem apresentado.
A conclusão consta de um estudo sobre a mitigação dos efeitos das alterações climáticas a nível nacional, apresentado na cidade da Praia pelo consultor internacional Almeida Sitoe, entendendo que o país tem potencial para reduzir as poucas emissões de gases de efeitos de estufa com maior aposta nas energias renováveis e na eficiência energética.
“Mas também no setor de turismo e no setor da água, no processo de dessalinização, poupança de água, especificamente a água de rega, que, com tecnologias modernas, é possível poupar muita água e, por consequência, a energia para a bombagem da água e as emissões” que dai resultam, apontou o moçambicano, consultor para efeitos de mitigação às mudanças climáticas em Cabo Verde.
O relatório foi apresentado durante um ‘workshop’ de consulta às partes interessadas sobre as políticas e medidas para a mitigação das mudanças climáticas a nível dos principais setores socioeconómicos, no âmbito do Projeto Quarta Comunicação Nacional.
O especialista disse que o documento apresenta resultados preliminares, mas o objetivo é fazer os ajustes e recolher subsídios juntos dos principais setores considerados nas medidas de mitigação das alterações climáticas.
A coordenadora nacional do Projeto Quarta Comunicação Nacional e do primeiro relatório bienal de Cabo Verde sobre mudanças climáticas, Cesária Gomes, apontou que o uso de painéis solares é já uma das ações visíveis do país para mitigar os efeitos das alterações climáticas, mas reconheceu que ainda não é o desejado.
“Mas o caminho é por aí. No futuro, a ideia é minimizar, reduzir ou eliminar o uso dos combustíveis fósseis e passar a usar energias limpas, na produção de água e de energia”, perspetivou a responsável, dizendo que isso vai ser feito por fases.
“No caso de Cabo Verde, o que não falta é sol, a energia das ondas, o vento, em detrimento do uso de energias fósseis”, mostrou a coordenadora.
Cabo Verde vai elaborar a Quarta Comunicação Nacional sobre as mudanças climáticas, um compromisso assumido aquando da adesão do país à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.
A Convenção estabelece que, de quatro em quatro anos, todos os Estados membros apresentam um relatório sobre as medidas, políticas e estratégias delineadas a nível nacional no sentido de mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
O primeiro Relatório Bienal de Cabo Verde sobre Mudanças Climáticas vai ser o último, já que, conforme avançou a coordenadora, a partir de 2024 o país vai passar a submeter à Convenção um relatório de transparência.
“E neste sentido, o comprometimento com a convenção é ainda mais forte e temos mesmo que entregar de dois em dois anos”, salientou Cesária Gomes, em declarações aos jornalistas à margem do evento promovido pela Direção Nacional do Ambiente (DNA) de Cabo Verde.