Setor pede continuidade e rapidez de estratégias para produção de biometano



As empresas e associações do setor de energia apelam à continuidade e rapidez na concretização das medidas anunciadas pelo Governo para acelerar a implementação do biometano em Portugal.

“Estamos conscientes que ainda há um caminho a percorrer para desenvolvimento do biometano e não é um trajeto fácil, envolve vários setores”, começou por explicar o diretor-geral da Goldenergy, Miguel Checa, na abertura da conferência ‘Qualificar Portugal para uma economia do biometano’ que está a decorrer hoje no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, organizada pela Goldenergy e grupo Axpo.

No entanto, o responsável da comercializadora de energia, que está a desenvolver uma unidade de produção deste gás renovável no concelho de Vila do Conde em parceria com a Axpo, assegura que existe consenso entre os principais intervenientes que é preciso “continuidade e compromisso para garantir um futuro energético mais sustentável”.

O Plano de Ação para o Biometano, que estabelece o objetivo de substituir quase 10% do gás natural por este gás verde até 2030, foi aprovado em Conselho de Ministros em 15 de março de 2024. Porém, ainda não há conclusões concretas do grupo de trabalho criado nesse âmbito.

O diretor-geral da Axpo Iberia, Ignacio Soneira, acrescentou que “é preciso uma transposição célere da nova regulamentação europeia” para o biometano, que pode ser produzido, por exemplo, através de resíduos do setor agropecuário ou de resíduos urbanos.

Por sua vez, o presidente executivo da Floene, Gabriel Sousa, explicou que “o biometano tem uma vantagem face a outros gases renováveis, nomeadamente o hidrogénio, que é ter uma molécula igual ao gás natural”, estando, assim, “as redes de distribuição de gás “preparadas por inerência”.

O responsável da antiga Galp Gás Natural Distribuição lembrou ainda que há mercados onde o biometano está numa fase avançada de implementação, como o francês.

A França tem sido apontada como um dos países com melhores resultados na implementação do biometano, com a Gaz Réseau Distribution France (GRDF) – maior distribuidora de gás do país e parceira da Floene – a ligar cerca de três novas unidades de biometano por semana à sua rede de distribuição.

“A roda está inventada, só temos é de correr e depressa e [implementar] aquilo que os outros já fizeram”, apelou Gabriel Sousa, garantido que há interesse por parte de toda a fileira.

Uma tendência confirmada pelo presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Gás (APEG), Jorge Lúcio, que pediu para se deixar de olhar para o biometano “como um bicho papão”.

“Uma das principais vantagens é que o biometano é de fácil aplicação” e, “neste momento, o grau de pureza [da produção de biometano] é bastante estável”, detalhou.

Apesar de a legislação e regulamentação para as unidades de produção de hidrogénio e biometano ainda estarem a ser desenvolvidas, desde que o Plano de Ação para o Biometano foi aprovado “houve aumento expressivo no número de pedidos de injeção na rede”, adiantou.

A Floene, que gere nove das onze concessões de gás em Portugal, já recebeu cerca de 230 pedidos de injeção de gases renováveis na rede, dos quais 33% para biometano.

“Temos visto um interesse muito significativo de pedidos de injeção na rede, mas os investidores precisam de ter um quadro legislativo estabilizado e adequado”, comentou.

No âmbito das metas para a descarbonização, Gabriel Sousa aponta que é preciso “contar com mais eletricidade verde, e Portugal tem sido dos melhores alunos na Europa, mas também é preciso acelerar nos gases renováveis. 2030 é já amanhã”, referiu.

Para tal, sugere “ao setor da energia sair da caixa de energia e misturar-se com setores como o agropecuário e resíduos”.

Além disso, lembrou que um dos temas que tem sido colocado em cima da mesa é a “partilha de custos dos produtores”, como acontece em Espanha. Um modelo que veria com bons olhos se fosse aplicado no mercado nacional.






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