Silva Rodrigues e Carlos Correia Fonseca: uma conversa em tons de mobilidade
À hora marcada, onze e meia da manhã nos Restauradores, em Lisboa, Silva Rodrigues já espera Carlos Correia Fonseca dentro de um dos novos autocarros articulados da Carris.
Dez minutos depois o autocarro parte e é aí que, entre convidados e jornalistas, começa a conversa entre o presidente da Carris e o secretário de Estado dos Transportes.
A primeira paragem é no Rossio, onde José Silva Rodrigues mostra o novo sistema de informação das carreiras da Carris, o Spider Map. “Este sistema torna mais fácil perceber para onde vão as carreiras e, com isto, ajudar o cliente. Estamos a testar o sistema em três paragens: Rossio/Praça da Figueira, Marquês do Pombal e Belém (Jerónimos). Se os testes forem positivos, avançamos para outros locais”, explica o presidente da Carris.
Mais tarde, a conversa evolui para os congestionamentos de Lisboa. Carlos Correia da Fonseca admite que estes são os grandes inimigos da cidade e da sua mobilidade sustentável. “É verdade que a Câmara de Lisboa tem feito um grande esforço para melhorar a circulação na cidade, mas enquanto não conseguirmos retirar mais veículos privados [do centro da cidade], o problema do trânsito não vai acabar”, disse o responsável.
“É claro que os corredores BUS e estes novos serviços [da Carris] ajudam, mas não há soluções drásticas, tudo começa no planeamento”, continuou Correia da Fonseca.
Finalmente, o governante deu a táctica para melhorar a mobilidade sustentável em Lisboa. “O estacionamento na periferia deveria ser muito mais barato, para que o condutor deixe lá o automóvel e venha para Lisboa de transportes públicos”.
Questionado pelos jornalistas sobre o que o levou a investir nos autocarros articulados e na internet gratuita nas carreiras 36 – que liga o Cais do Sodré a Odivelas – e 745 –entre Santa Apolónia e o Prior Velho – Silva Rodrigues avisou que os investimentos são para continuar.
“Vamos fazer tudo para que a cidade dependa menos do automóvel”, referiu. Mais tarde, já no Parque das Nações, o presidente da Carris repetiu uma ideia recorrente nos seus discursos e disse que não basta lançar um serviço, há que saber comunicá-lo às pessoas.
“É isso que estamos a fazer desde 2004, a oferecer os nossos serviços de mobilidade e a comunicá-los. Colocámos nas ruas de Lisboa, nos últimos seis anos, 540 novos autocarros e 70% das nossas 95 carreiras já são certificadas. Temos o serviço SMS Carris, um site adaptado para invisuais, o Bike Bus, Night Bus, carsharing e agora o Net Bus… a preocupação da Carris tem sido na aposta na modernização da empresa e em ganhar mais clientes e novos públicos”, referiu.
“Sabemos que no nosso sector há pouca comunicação e informação e é isso que estamos a combater”, continuou. Sobre a parceria com a TMN para a internet gratuita nos novos autocarros, o responsável disse que sem investimento e ambição não se conseguem levar mais pessoas para os transportes públicos.
Também já no discurso oficial, no Parque das Nações, Carlos Correia da Fonseca recordou a sua infância alfacinha e o autocarro da Carris que o costumava levar da João XXI à Estefânia.
“A Carris está ligada à vida dos lisboetas e tem um papel fundamental na cidade”, referiu. “Os anos 80 trouxeram um aumento da qualidade de vida mas também mais automóveis para a cidade. Os congestionamentos são insustentáveis, um desperdício de energia e um malefício para o ambiente. Temos que tirar os automóveis das ruas”, explicou.
Finalmente, o secretário de Estado dos Transportes enumerou os “passos importantes” que se estão dar para aumentar a mobilidade sustentável em Lisboa: criação da Autoridade Metropolitana de Transportes de Lisboa; o esforço das transportadoras para aumentar e melhorar a informação ao público; o relançamento do site Transporlis; a integração de tarifários; o sistema zapping; e, em termos de transporte público, um investimento nas populações e não nas minorias.