Sines na lista das refinarias europeias capazes de processar crude a partir de areias betuminosas



Um estudo divulgado pela Federação Europeia para os Transportes e Ambiente (T&E) e Amigos da Terra (abre PDF) mostra que Sines tem é uma das 71 refinarias europeias com capacidade para processar crude obtido a partir de areias betuminosas.

Mais de metade das refinarias da Europa estão preparadas para processar crude pesado ou pré-processado (leve) obtido a partir de areias betuminosas, uma forma de petróleo não convencional cuja extracção implica impactos ambientais muito significativos, sobretudo climáticos.

As refinarias de Sines e de Leixões, ambas geridas pela Galp Energia, são referenciadas neste estudo, elaborado pela consultora da área petrolífera MathPro Inc. Sines apresenta capacidade para processar crude pré-processado (leve) obtido a partir de areias betuminosas e um elevado risco de receber carregamentos por via marítima, dada a sua posição estratégica. Já Leixões não apresenta capacidade para processar crudes desta natureza e a capacidade de receber carregamentos por via marítima não foi possível confirmar.

​“A extracção e refinação de areias betuminosas emite entre três a quatro vezes mais gases com efeito de estufa responsáveis pelo aquecimento global do que o petróleo bruto convencional”, explica a organização não-governamental da ambiente (ONG) portuguesa Quercus em comunicado.

Segundo a ONGA, este estudo demonstra “a necessidade de intensificar os esforços para manter as areias betuminosas fora da Europa, a fim de cumprir o objectivo assumido internacionalmente de limitar o aquecimento global abaixo de 2°C e assegurar a transição para um sistema energético baseado na eficiência energética e energias renováveis”.

No início de Novembro, a rejeição por Barack Obama do oleoduto KeystoneXL, nos Estados Unidos da América, enviou um sinal claro de que as areias betuminosas não devem fazer parte da matriz energética.

No entanto, o estudo revela que a Europa tem capacidade de processar estes combustíveis fósseis de grande impacto climático. Em 2014, um estudo elaborado pelo Natural Resources Defence Council mostrava que a importação sem restrições de areias betuminosas para a Europa teria um impacto climático equivalente às emissões de seis milhões de veículos adicionais na estrada.

O primeiro carregamento de crude obtido a partir de areias betuminosas do Canadá para a Europa chegou a Bilbao, em Espanha, em junho de 2014. “As refinarias europeias têm ignorado esta verdade inconveniente e continuam a investir em tecnologias de refinação de combustíveis de grande impacto climático, com a agravante dos consumidores não serem informados da sua carga poluente”, continua a Quercus. “As areias betuminosas e outros combustíveis fósseis não convencionais, muito poluentes, devem permanecer no subsolo para evitar as consequências das alterações climáticas, e os investimentos deverão sim ser redireccionados para fontes de energia limpas e renováveis”.





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