Smart cities não vão facilitar a vida nem à polícia, nem a criminosos
Com a crescente utilização de câmaras de vigilância, big data, robots e sensores, as cidades serão mais seguras. A protecção dos direitos civis e a prevenção da criminalidade será assegurada em boa parte pelas novas tecnologias.
A tecnologia está a oferecer novas possibilidades a quem desempenha funções na área da segurança e os centros urbanos estão a adoptá-la cada vez mais com este objectivo. Mais de 90 cidades no mundo estão já a usar redes de escuta nos edifícios mais elevados para detectar eventuais disparos de armas de fogo. Chamado ShotSpotter, este género de equipamento identifica o local dos disparos permitindo à polícia chegar aos locais antes de alguém ter tempo de a chamar. Mas este é apenas um exemplo.
Nos Estados Unidos existem, em várias cidades, robots ao serviço da polícia preparados para enfrentar criminosos com armas de fogo, evitando a exposição de agentes a situações de grande perigo. Esta monitorização também se faz sobre a polícia: as câmaras de vigilância e dos telemóveis têm desempenhado um papel importante na detecção de cenas de brutalidade policial. Em Londres, para prevenção de abusos de autoridade durante as horas de serviço, os agentes da polícia passaram a usar um bip que é accionado sempre que consumirem álcool acima dos limites previstos pela lei.
Toda a gestão de recursos nesta área está a mudar, muito por influência das novas tecnologias. A Universidade de Cambridge, num recente estudo que realizou com base em sete forças policiais dos Estados Unidos e Reino Unido, concluiu que se as controversas câmaras de lapela forem usadas pela polícia, baixam cerca de 93% das queixas contra agentes.
Multifacetada, a tecnologia está a ser usada, um pouco por todo o mundo, nas mais diversas situações. Israel, por exemplo, lançou um serviço de videochamadas de emergência que dá automaticamente informação sobre o local de onde está a ser feito o pedido de socorro, o que facilita toda a operação. Também a captação de informação massiva (big data) está a auxiliar os serviços de segurança nas cidades. Através dela é possível estabelecer padrões que auxiliam as autoridades a prevenir a violência. Na cidade de Diadema, no Brasil, o big data mostrou que 60% dos homicídios e quase metade das queixas à polícia sobre violência contra as mulheres estão associadas a determinadas ruas e a certos horários nocturnos, o que facilita acções de prevenção e dissuasão.
Não há dúvida de que a tecnologia está a mudar a face das cidades. E tudo indica que quanto mais inteligentes, mais seguras se tornarão para quem as habita.
Foto: via Creative Commons