Smart City, o local onde vive a sustentabilidade



Por Andreia Morita, Business Developer na HORA Comunicação

Nunca a ligação entre a tecnologia e os princípios circulares estiveram tão ligados como hoje. Depois de todos vivermos uma pandemia inesperada, muitos foram os que perceberam que levavam as suas vidas depressa demais, com longas horas de trabalho em escritórios onde entravam de noite e saiam de noite para produzir intensamente material que no dia seguinte já poderia estar obsoleto. Muitos também foram os que redescobriram quem eram os seus familiares quando tiveram de viver com eles 24 sob 24 horas. Tudo isto levou a que se reconsiderasse a importância do dia-a-dia no propósito das nossas vidas.

Mas, com a pandemia a transformação tecnológica não abrandou, pelo contrário, experienciamos um verdadeiro boom tecnológico, e não apenas relacionado com o trabalho remoto. Empresas, instituições e cidades tiveram de rapidamente aprender a digitalizar tudo o que as rodeia.

Pequenas cidades por todo o mundo acabaram por entrar na corrida para se tornarem smart city, uma espécie de prova de atletismo de inscrição obrigatória em que ninguém quer ficar para trás. Todas as cidades querem ser distinguidas como as mais inovadoras, seja em temáticas especificas ou com projetos notáveis, à semelhança do que acontecia há alguns anos atrás com a criação das grandes estruturas – pontes e barragens – que marcaram o início da introdução das tecnologias na construção das cidades.

Uma smart city tem na sustentabilidade do território o seu conceito principal e como último objetivo conseguir produzir os recursos necessários ao seu consumo. Complementarmente a tecnologia é parte integrante de uma smart city, e a integração da tecnologia aplicada à gestão do território, permite que o conceito se expanda para a gestão eficiente de recursos, resíduos, mobilidade, poluição e população, tudo isto alimentado com dados atualizados em tempo real.

Presentemente, com todas as mudanças que aconteceram na nossa forma de viver, acredito que este conceito representa uma importante oportunidade para as regiões desertificadas do interior se afirmarem neste novo ecossistema da era pós-covid. Destaco como exemplo o projeto The Sustantable City, sediado no Dubai, uma cidade com uma oferta completa de recursos necessários aos seus habitantes, sem necessidade de gastos energéticos superiores à energia produzida pela própria cidade. Trata-se de uma cidade com 600 fogos com uma taxa de ocupação de 99% mesmo com o custo por metro quadrado 30% acima da média do mercado. Estes números demostram que o conceito Smart City é social, ambiental e economicamente sustentável. A validação deste conceito é de extrema importância, o modelo funciona e pode ser agora replicado pelos investidores e promotores imobiliários que atestam agora o interesse económico destes projetos.

Não deveríamos lutar para ser uma smart city, mas sim uma sociedade inteligente.

E se o mercado da oferta e procura define preços, se o marketing cria necessidades de compra no consumidor, está na hora de passarmos a ser consumidores inteligentes. Se queremos que a nossa cidade seja smart, então como cidadãos devemos estar preparados para isso e procurar soluções inteligentes e eficientes.

Alguns exemplos disso são o caso do Continente Labs com a criação da primeira loja Continente sem caixas de pagamento em Portugal, uma primeira versão de loja inteligente aplicada ao setor da distribuição, e a Smart Store da Iberdrola implementada em Matosinhos, num espaço que gira em função do sol, movido através de energia verde produzida pelo próprio edifício e ligado a sistemas de inteligência artificial.

Em Portugal, Évora é uma cidade perfeita para a implementação de projetos piloto smart. Com vários agentes de desenvolvimento local empenhados, uma comunidade empreendedora, centros de conhecimento, e ainda com vários desafios no que respeita à sustentabilidade na gestão de recursos, esta pode ser vista como um pequeno diamante por lapidar em relação ao desenvolvimento sustentável e inteligente. Já com alguns projetos em curso, como é o caso do POCITYF, Laboratório Vivo para a Descarbonização ou Startup Labware, existe ainda necessidade de capacitação da população e desafiar as redes a trabalharem efetivamente em conjunto no que respeita ao estímulo para o empreendedorismo smart, de forma a que os futuros líderes de amanhã desenvolvam hoje as soluções que vão tornar o Alentejo mais inteligente e sustentável.





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