Só 20 aeroportos emitiram tanto CO2 quanto 58 centrais a carvão
Duas dezenas de aeroportos internacionais geraram, em 2019, tantas emissões de dióxido de carbono (CO2) quanto 58 centrais de produção de eletricidade através da queima de carvão.
Do total, estes são os aeroportos que figuram nos cinco primeiros lugares como os que, a nível mundial, mais CO2 emitiram: o aeroporto do Dubai, o de Heathrow (Londres), o de Los Angeles, o de Hong Kong, e o John F. Kennedy (Nova Iorque).
A conclusão é de uma análise do grupo de reflexão ODI, em parceria com a organização Transport and Environment (T&E), que, numa outra analogia, aponta que a quantidade de óxidos de azoto (NOx), poluentes atmosféricos que contribuem para o efeito de estufa, e de partículas finas (PM2.5) produzidas por esses 20 aeroportos equivale à poluição geradas por 31 milhões de automóveis de ligeiros.
Contas feitas, os especialistas estimam que, em 2019, os voos de passageiros e de carga de 20 aeroportos que mais CO2 emitem geraram, em conjunto, 231 milhões de toneladas de CO2.
No relatório, intitulado ‘2024 Airport Tracker’, os especialistas recordam que, apesar das quebras registadas em 2020 fruto das restrições associadas à pandemia de COVID-19, o setor já estará praticamente recuperado, graças, sobretudo, a subsídios. Em novembro de 2023, o número global de passageiros terá já atingido 99% dos valores pré-pandemia.
Quase todos os voos atualmente recorrem à queima de combustíveis fósseis, lançando todos os anos mais de mil milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, representando cerca de 2% de todas as emissões desse gás em 2022 relacionadas com a energia.
Depois da redução de 2020, os autores escrevem que as emissões a aviação voltaram a disparar e continuam em trajetória ascendente, e as previsões apontam para que cheguem mesmo a ultrapassar os níveis pré-pandemia em 2025. Além disso, até meados do século, o setor da aviação poderá consumir entre 12% e 27% do orçamento global de carbono. Posto de forma simples, orçamento de carbono estabelece os limites de emissões atmosféricas de CO2 para manter o aquecimento do planeta dentro do intervalo dos 1,5-2 graus Celsius face a níveis pré-industriais.
Por isso, o relatório indica que os aeroportos são peças fundamentais do combate às alterações climáticas, podendo agravar os seus efeitos ou ajudar a reduzi-los. Contudo, os especialistas argumentam que a descarbonização do setor aeroportuário continua a estar quase exclusivamente focado em emissões de CO2, e tende a deixar de lado poluentes como os NOx e as partículas finais.
“A poluição global e local criada pelos aeroportos dever ser considerada em termos dos impactos totais que causa”, lê-se no documento. E os seus autores defendem que “os aeroportos são uma peça-chave para aqueles que procuram alinhar o setor da aviação com objetivos locais e globais”, e apelam a que sejam empreendidos esforços que atendam às particulares dos vários aeroportos, bem como dos países onde estão localizados, para ser possível ter “um setor de aviação menos ambientalmente prejudicial e mais socialmente equitativo”.