Soldados assírios sofreram de stress pós-traumático há 3.000 anos
No seu relato da batalha de Maratona, realizada em 490 a.C., Herodotus recordou a história de um homem que ficou inexplicavelmente cego depois de assistir à morte de um dos seus amigos. Até há pouco tempo, esta era a mais antiga história de stress pós-traumático conhecida no mundo.
Até agora, porém: segundo a BBC, uma equipa de investigadores encontrou referências a sintomas do stress pós-traumático em textos muito mais antigos – desde a dinastia assíria na Mesopotâmia, entre 1.300 e 609 a.C. Os resultados foram publicados no jornal Early Science and Medicine.
Segundo os investigadores, da Universidade Anglia Ruskin, do Reino Unido, os soldados da antiga assíria estavam ligados a ciclos de três anos: o primeiro era passado a construir estradas, pontes e outros projectos; o segundo visava lutar na guerra; e o terceiro era passado em casas, com as suas famílias, antes de regressar à construção de infra-estruturas e recomeçar o ciclo.
Ao estudar a tradução dos textos conhecidos, os historiadores conseguiram perceber como os sintomas familiares do stress pós-traumático poderão ter sido sentidos pelos soldados. “Este tipo de sintomas eram claramente o que hoje conhecemos por stress pós-traumático”, explicou à BBC Jamie Hughs, co-autor do estudo.
“Eles disseram que viam a ouviam fantasmas falarem com eles – seriam os fantasmas das pessoas que morreram na batalha – e isto ainda acontece hoje em dia com os soldados que estão envolvidos em batalhas”, continuo Hughs.
Segundo o Smithsonion, o stress pós-traumático apenas foi reconhecido nos Estados Unidos em 1980, depois de um surto de casos de soldados que lutaram no Vietname. Antes disso, a maioria dos soldados, quer por pressões externas ou sensação de vergonha, mantinham para si as lesões emocionais sustidas em guerra.
Foto: Ken and Nyetta / Creative Commons