Solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos eleitos “Solo do Ano” para 2026
A Sociedade Portuguesa das Ciências do Solo (SPCS) elegeu os solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos como “Solo do Ano” para 2026.
A escolha teve por base propostas de cidadãos e a iniciativa tem como objetivo divulgar a diversidade e a importância dos solos portugueses.
Em comunicado a SPCS explica que os solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos são solos férteis que ocorrem em várias regiões do país. São compostos por três camadas, ou horizontes, distintos: A, B e C. Caracterizam-se por apresentarem um horizonte B mais rico em argila, geralmente devido ao transporte a partir do horizonte superficial (A) durante o período mais húmido do ano.
Esses solos, detalha a associação, distinguem-se de outros semelhantes pelas cores avermelhadas ou amareladas nos horizontes A ou B, que se devem à presença de óxidos de ferro, que indiciam boa drenagem e arejamento, características favoráveis à maioria das plantas e culturas agrícolas.
Como tal, são solos com um bom potencial produtivo e amplamente utilizados na agricultura, em culturas perenes, como pomares, vinha ou olival, e também culturas anuais.

Diz a SPCS que o relevo suave, a boa capacidade de armazenamento de água (especialmente devida ao horizonte B rico em argila) e a retenção e disponibilização de nutrientes contribuem para a elevada aptidão agrícola desses solos.
No entanto, acautela que o horizonte B pode limitar o crescimento das raízes, dificultar a drenagem e aumentar o risco de compactação, sobretudo devido a mobilizações profundas e repetidas, que fazem parte do historial de uso de muitos destes solos, e que terão contribuído para a degradação estrutural de parte do horizonte B, fenómeno vulgarmente conhecido como “calo de lavoura”.
Por isso, “os Solos Mediterrâneos Vermelhos ou Amarelos necessitam de uma gestão atenta em áreas cultivadas, de forma a manter as características que lhes conferem a sua produtividade”, avisa a SPCS.
“É essencial gerir as operações mecanizadas de forma a prevenir a compactação e a erosão.”
Estima-se que os solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos cubram perto de 25% do território nacional, com especial ocorrência no Alentejo. Mais para sul, no Algarve, “são característicos no Barrocal”. Com os olhos nessa região, a SPCS afirma que “é de particular relevância a sua conservação, face às atuais pressões de uso e de gestão no contexto do crescimento da moderna fruticultura algarvia”.
Em menor extensão ocorrem na Beira Interior e em Trás-os-Montes e Alto-Douro, onde cobrem somente cerca de 2% da área nessas regiões.
A organização informa que ao longo do próximo ano divulgará mais informações “as características únicas” dos solos mediterrâneos vermelhos ou amarelos na página online dedicada ao “Solo do Ano”.