String, uma tecnologia que permite rastrear a ética dos produtos
Chama-se Historic Futures e é uma empresa britânica que desenvolveu uma aplicação online, a String, que permite às empresas saber a história de todas as fases da cadeia de fornecimento de um produto.
O objectivo é perceber se determinado produto obedeceu a todas as exigências éticas e sustentáveis, para que tanto as empresas como os consumidores possam saber qual a “história” por trás da etiqueta.
“Não estamos no negócio dos dados, estamos no negócio de automatizar o processo de auditoria”, explica o director-geral da Historic Futures, Tim Wilson.
De acordo com o responsável, é muito difícil falsificar informação sobre cada produto e conseguir manter esta “mentira”. “Se alguém quiser falsificar os seus dados, teriam que fazer com que todos abaixo da sua cadeia de fornecimento falsificassem os seus próprios dados. Queremos que a String seja o Facebook das cadeias de fornecimento”, explicou.
De onde veio a matéria-prima para desenvolver determinado produto? De que fábrica? Em que condições de trabalho? Qual o meio de transporte utilizado? Qual a reputação da empresa por trás do produto? São estas as questões que a Historic Futures promete responder.
A verdade é que, cada vez mais, os consumidores querem saber de onde vêm os seus produtos. Um exemplo: em 2006, a britânica Tesco decidiu boicotar a sua fornecedora de algodão, uma empresa uzbeque que obrigava crianças para trabalhar nas suas fábricas. Apesar de tudo, apenas no final de 2007 a Tesco teve a certeza de que a empresa já não fazia parte da sua cadeia de fornecimento.
“Foi uma tarefa muito complexa. Até a produção de uma simples t-shirt envolve materiais que passam por quatro a sete pares de mãos, por isso o número de possíveis permutas na cadeia de fornecimento era enorme”, explicou ao Financial Times o director técnico para a área de roupas da Tesco, Alan Wragg.
O objectivo da Historic Futures é, com a String, facilitar estes processos.
“Soubemos rapidamente que a nossa cadeia de fornecimento era complexa e diversa. Sabíamos que o algodão uzbeque era levado sobretudo para o Bangladesh, Turquia e China, mas a maior parte dos produtores de fio não utilizam uma fonte única, mistura o algodão de vários países”, continuou Wragg.
De acordo com o relatório “The Transparent Economy”, publicado pela Global Reporting Initiative – uma network de 20 mil organizações que desenvolvem quadros de sustentabilidade corporativa – a rastreabilidade é uma dos principais desafios dos relatórios corporativos da próxima década.
E mesmo que a empresa não se preocupe com a sua cadeia de fornecimento, mais cedo ou mais tarde os consumidores dessa marca ou empresa irão fazê-lo. E, aí, pode já ser tarde demais.