Substituir carvão como fonte de energia custará 5,7 biliões de euros



A substituição do carvão para gerar eletricidade custará seis biliões de dólares (5,7 biliões de euros) e “não será fácil”, já que exigirá “uma rápida mobilização financeira” para encerrar centrais antigas e implementar energias alternativas, disse hoje a AIE.

Num relatório sobre como atingir zero emissões de carbono até 2050 com a atual utilização do carvão, a Agência Internacional de Energia (AIE) detalha a extensão da utilização do carvão e os desafios da sua eliminação gradual para atingir o objetivo.

O carvão é a maior fonte de emissões de CO2 (o principal gás com efeito estufa) relacionado com a energia, com 15.000 milhões de toneladas em 2021, pelo que “o mundo deve agir rapidamente” para reduzir estas emissões “significativamente para evitar grandes impactos climáticos”, adverte o documento.

“O carvão é simultaneamente a maior fonte de emissões de CO2 no setor energético e também a maior fonte de produção de eletricidade do mundo”, diz o diretor executivo da AIE, Fatih Birol.

Birol insiste que enquanto os países estão a expandir a energia limpa face à atual crise energética, “o que fazer com a enorme quantidade de recursos relacionados com o carvão é um problema por resolver”.

A procura global de carvão aumentou em 2021 (após o declínio de 2020 devido à pandemia) para 5.650 milhões de toneladas equivalentes.

O setor energético é o maior utilizador deste combustível, representando 65% do total e produzindo 36% da eletricidade mundial em 2021, de acordo com dados da AIE.

Em 2022, esta utilização aumentou (em 10% na Índia e 15% na União Europeia, por exemplo) devido aos elevados preços do gás e para garantir a segurança energética devido à guerra na Ucrânia, embora a agência considere que este será um fenómeno de curta duração.

Nos países desenvolvidos, a utilização de carvão para gerar eletricidade diminuirá em 75% até 2030, enquanto nos países em desenvolvimento atingirá o seu pico em 2025 e depois começará a diminuir.

No total, os países anunciaram compromissos para reduzir a utilização de carvão para a produção de energia elétrica em 20% até 2030, o que constitui um “passo em frente significativo”, de acordo com a AIE.

O relatório insiste que a transição do carvão (quer através da substituição do carvão ou da utilização de tecnologias de redução ou captura de emissões) pode ser alcançada sem aumentar significativamente os custos para os consumidores.

“São necessários investimentos de seis biliões de dólares para substituir o carvão, mas estes custos são mais do que compensados por contas de energia mais baixas” para os operadores, acrescenta Birol.

Muito desse dinheiro será necessário para colocar em serviço fontes de energia alternativas, que se espera sejam renováveis (90%) e nucleares (8%).

A AIE adverte para dois grandes obstáculos à redução da utilização do carvão na produção de energia: muitas centrais elétricas na Ásia são relativamente novas (13 anos em média na China e Indonésia e apenas oito anos no Vietname) e os seus operadores não recuperaram o investimento, e em alguns países asiáticos a extração de carvão é um dos principais contribuintes para o Produto Interno Bruto (PIB) e o emprego.

Para o encerramento ou conversão destas instalações, a AIE propõe medidas como a regulamentação governamental (utilizada na China), o aumento do preço das emissões ou incentivos financeiros para o encerramento ou conversão para outros combustíveis menos poluentes.

O relatório também analisa a eliminação ou substituição do carvão na indústria pesada (principalmente aço e cimento), que utiliza 30% do carvão mundial.

Este é um setor onde as emissões “devem cair drasticamente” para cumprir os objetivos do Acordo de Paris de 2015, diz o documento.

Uma maior eficiência, a utilização de combustíveis alternativos – como o hidrogénio – e a utilização de novas tecnologias ainda não disponíveis no mercado são algumas das opções que se abrem neste setor.





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