Substituir metade da carne e lacticínios por alimentos à base de plantas poderia reduzir as emissões em 31%
A substituição de 50% do consumo de carne de porco, de vaca, de frango e de leite por produtos à base de plantas poderá reduzir as emissões de gases com efeito de estufa provenientes da agricultura e da utilização dos solos em 31% em 2050, em comparação com 2020, sugere um estudo de modelização publicado na revista Nature Communications.
Além disso, os resultados sugerem que a destruição líquida das florestas e dos solos naturais a nível mundial poderá cessar quase por completo.
Apesar de representarem menos de 20% da oferta global de energia alimentar, os alimentos de origem animal são responsáveis pela maioria dos impactos negativos na utilização dos solos, na utilização da água, na biodiversidade e nas emissões de gases com efeito de estufa nos sistemas alimentares globais.
A substituição do consumo de produtos de origem animal por produtos de origem vegetal ajudaria a atenuar os impactos ambientais dos nossos regimes alimentares.
Maiores reduções nas perdas de biodiversidade registaram-se na África Subsariana, na China e no Sudeste Asiático
Marta Kozicka e colegas utilizaram um modelo económico global de utilização dos solos para estimar os impactos ambientais dos nossos regimes alimentares quando os produtos de origem animal são parcialmente substituídos por produtos de origem vegetal num cenário futuro.
Centraram-se nos principais produtos alimentares de origem animal (carne de porco, carne de vaca, frango e leite) e na forma como estes poderiam ser substituídos por produtos alternativos específicos com valor nutricional semelhante. E concluíram que a substituição da carne de bovino pode proporcionar os maiores benefícios.
As maiores reduções nas perdas de biodiversidade registaram-se na África Subsariana, na China e no Sudeste Asiático. De acordo com o modelo, os níveis de sequestro de carbono melhoraram mais na África Subsariana, no Brasil e noutros países da América do Sul. Se 50% destes produtos fossem substituídos, os benefícios climáticos poderiam duplicar com a conversão de terras agrícolas em florestas, atingindo 92% do potencial de atenuação do sector fundiário anteriormente estimado. Além disso, os futuros declínios na integridade dos ecossistemas até 2050 seriam reduzidos para mais de metade.
Os autores concluem que a substituição de 50% do nosso consumo regular de produtos animais por novas alternativas poderia ter um impacto muito positivo nas alterações climáticas e nos ecossistemas naturais.