Sudão, Egito e Etiópia retomam negociações sobre a polémica barragem do Nilo nas próximas semanas



As negociações sobre a polémica grande barragem do Nilo construída por Adis Abeba vão ser retomadas pelo Sudão, Egito e Etiópia nas próximas semanas, disse hoje o Ministério sudanês de Irrigação.

As últimas conversações, que decorreram por videoconferência no início de novembro, terminaram sem progressos, estando as negociações paralisadas há vários meses.

Tanto o Cairo como Cartum, a jusante do rio, querem um acordo juridicamente vinculativo, em particular sobre a gestão da barragem e o enchimento do reservatório.

Adis Abeba, que considera a Grande Barragem do Renascimento (GERD) essencial para o seu desenvolvimento, argumenta que o abastecimento de água desses países não será afetado.

Hoje, representantes dos três países aprofundaram as discussões por videoconferência, na presença de autoridades da África do Sul, país que detém a presidência rotativa da União Africana, e de observadores internacionais.

Concluiu-se que “a (próxima) semana será dedicada a discussões bilaterais entre os três países, especialistas e observadores”, disse o Ministério sudanês da Irrigação e Água, em comunicado.

Estas discussões pretendem abrir caminho para “a retoma das negociações tripartidas no domingo, 10 de janeiro, com a esperança de que estejam concluídas no final de janeiro”, acrescentou.

O ministério etíope mostrou satisfação com o documento de trabalho acordado entre os três países para ser negociado, indicando que o Sudão também apoia o método escolhido. O Egito, no entanto, “rejeitou categoricamente o documento”, acrescentou.

A Etiópia, que vê a barragem como um marco essencial para a sua eletrificação e desenvolvimento, disse que apresentou abordagens alternativas para serem estudadas por todas as partes antes das próximas negociações.

“A Etiópia está empenhada em concluir as negociações e tem esperança de chegar a um acordo”, adiantou ainda o ministério.

A barragem é motivo de tensões em particular com o Egito, país com mais de 100 milhões de habitantes, que depende em 97% do Nilo para o abastecimento de água e que teme ver o caudal reduzido.

Na semana passada, a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, Dina Mufti, disse que o Egito sabe “que o GERD não vai prejudicar” o país e acusou o Cairo de estar apenas a criar uma distração em relação ao seus problemas internos.

Os comentários provocaram a ira do Ministério egípcio dos Negócios Estrangeiros, que considerou o comentário como um “ataque ao Estado egípcio”.

O Sudão, que registou inundações mortais no verão passado, espera que a barragem ajude a regular o fluxo do rio e alertou que milhões de vidas podem estar “em grande risco” se nenhum acordo for alcançado.

O Nilo, que percorre cerca de 6.000 quilómetros, é uma fonte essencial de água e eletricidade para mais de uma dezena de países da África Oriental.





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