Sustenha a respiração e conheça os animais marinhos que mergulham mais fundo

Os fundos marinhos estão repletos de vida, mesmo nas zonas mais escuras onde a luz solar escasseia ou nem chega. Esses animais abissais evoluíram de forma a poderem suportar as temperaturas geladas e a pressão esmagadora nessas regiões dos mares e oceanos e, regra geral, não se aventuram em viagens às zonas mais superficiais.
No entanto, outros, que habitualmente vivem nas camadas marinhas mais soalheiras, conseguem navegar pela coluna de água, mergulhando a grandes profundidades para caçarem.
Investigadores da CSIRO, a agência científica australiana, recentemente captaram imagens de um leão-marinho a uma profundidade de 155 metros, enquanto estudavam o leito marinho ao largo da costa ocidental das Tasmânia. Apesar de não ser a primeira vez que um pinípede é registado a profundidades semelhantes, os cientistas começaram a pensar sobre quais seriam os animais marinhos que conseguem mergulhar mais fundo.
Lobos-marinhos – 300 metros
Apesar de os lobos-marinhos, da família dos otariídeos (pinípedes com orelhas externas e com barbatana adaptadas à locomoção em terra), serem animais habitualmente encontrados à superfície e que mergulham a menos de 100 metros de profundidade e não mais do que 10 minutos, os cientistas da CSIRO dizem os lobos-marinhos-australianos (Arctocephalus pusillus) que podem ir além dos 300 metros abaixo da superfície.

Foto: Tim Sheerman-Chase / Wiki Commons
Pinguins – 500 metros
Quem já viu imagens de pinguins a nadar certamente saberá que realmente parecem ‘voar’ dentro de água, deixando atrás de si rastos de pequenas bolhas de ar enquanto perseguem as suas presas.

Foto: Denis Luyten / Wiki Commons
Os investigadores da CSIRO dizem que, no que toca ao mergulho, o tamanho, de facto, importa. Ao passo que o pinguim-azul (Eudyptula minor), nativo da Austrália e da Nova Zelândia, considero o mais pequeno do mundo, raramente vai além dos 20 metros de profundidade, o grande pinguim-imperador (Aptenodytes forsteri) pode mergulhar a mais de 500 metros em busca de presas nas águas geladas do polo sul.
Tartarugas – 1.200 metros
Quando pensamos nas tartarugas marinhas, é frequente vermos imagens desses animais plácidos a planarem sobre recifes de coral em águas pouco profundas. Contudo, esses répteis de aspeto ancestral ‘fazem sombra’ a muitos mamíferos e aves no que toca à profundidade a que conseguem mergulhar.
A tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea), uma espécie considerada vulnerável ao risco de extinção devido sobretudo à perda de habitat e à captura acidental, podem mergulhar além dos mil metros abaixo da superfície, e suster a respiração durante quase uma hora e meia, em busca da sua presa preferida: alforrecas.

Foto: Rabon David, U.S. Fish and Wildlife Service / Wiki Commons
A poluição por plástico é também outra das grandes ameaças à sobrevivência da espécie, uma vez que, ao confundirem, por exemplo, sacos de plástico com alforrecas, ingerem-nos, podendo sufocar ou morrer à fome por terem os estômagos cheios de detritos lançados ao mar pelos humanos.
Tubarão-baleia – 1.800 metros
Apesar do nome, este animai é, de facto, um peixe, o maior do mundo. O tubarão-baleia (Rhincodon typus) vive no alto mar e contrariamente a outras espécies do seu grupo, alimenta-se exclusivamente de pequenos animais, sobretudo de plâncton, através de um sistema de filtragem.
Facilmente identificável pelo dorso acinzentado salpicado de manchas brancas, que formam padrões únicos e que ajudam os cientistas a identificarem os indivíduos, o tubarão-baleia pode mergulhar até aos 1.800 metros, embora, para se alimentar, tenha de nadar pelas zonas mais luminosas dos oceanos, onde o plâncton é mais abundante.

Foto: cotterillmike / Wiki Commons
Dizem os investigadores da CSIRO que ainda se desconhecem as razões que levam esse grande peixe a atingir essas profundidades, quando o seu alimento se encontra à superfície.
Cachalotes – 2.250 metros
Popularizado por obras literárias como Moby Dick, do escritor Herman Melville, e mais recentemente por filmes de Hollywood, o cachalote (Physeter macrocephalus) pode atingir os 20 metros de comprimento e é a maior espécie de baleia com dentes (as baleias que não têm dentes na fase adulta são chamadas de misticetos).

Habitualmente, os cachalotes mergulham a profundidades de mil metros, para caçarem lulas, mas podem ir além dos 2.200 metros.
Elefantes-marinhos – 2.388 metros
De volta aos mamíferos, o elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina) é a maior espécie da família dos focídeos, sendo que os machos podem mesmo chegar às quatro toneladas e ser 10 vezes maiores do que as fêmeas, apresentando um pronunciado dimorfismo sexual. Além disso, são facilmente identificáveis devido à espécie de tromba que lhes confere esse nome comum.

Foto: Ben Arthur / CSIRO
Os elefantes-marinhos são capazes de suster a respiração durante quase duas horas, devido à grande quantidade de sangue que têm nos seus corpos, o que permite armazenar mais oxigénio e, assim, atingirem grandes profundidades.
Dizem os cientistas da CSIRO que a maior profundidade a que foi registado um elefante-marinho-do-sul foi de 2.388 metros.
Baleia-bicuda-de-cuvier – 2.992 metros
Por fim, chegamos à baleia-bicuda-de-cuvier (Ziphius cavirostris). Este cetáceo que pode chegar aos sete metros de comprimento, é, dizem os especialistas, o campeão do mergulho em profundidade.
Em 2014, um grupo de investigadores, ao largo da costa da Califórnia, nos Estados Unidos da América, registou uma baleia-bicuda-de-cuvier a mergulhar até aos 2.992 metros, a maior profundidade alguma vez registada para um animal que não é considero um animal abissal, ou seja, que não passa a sua vida nas profundezas.

Foto: Laurent Bouveret CC BY-SA 4.0
Esse mesmo mergulho durou duas horas e 17 minutos, o que quebrou mais um recorde. Contudo, anos mais tarde foi registada outra baleia dessa mesma espécie que esteve susteve a respiração durante três horas e 42 minutos.