Tibete: monges e mosteiros budistas protegem leopardo-das-neves
O leopardo-das-neves, uma espécie em perigo de extinção, está a ser protegida em centenas de mosteiros budistas do planalto tibetano, de acordo com um estudo do Conservation Biology. A pesquisa, revelada ontem no Huffington Post, diz que metade destes mosteiros encontram-se no habitat dos leopardos-das-neves, pelo que os monges os monitorizam e protegem dos caçadores furtivos.
“O budismo tem um princípio máximo – o amor, respeito e compaixão por todos os seres vivos. Este estudo enaltece a forma como a ciência e os valores espirituais do budismo tibetano podem combinar as suas visões e sabedoria para ajudar a proteger a herança natural da China”, explicou George Schaller, biólogo do grupo conservacionista Pantera e um dos responsáveis pelo estudo.
Segundo o estudo, entre 3.500 e 7.000 leopardos-das-neves vivem nas altas montanhas da Ásia, sendo que 60% encontram-se em território chinês. A sua pele quente protege-o do frio das grandes altitudes, e as suas patas grandes são excelentes para andar na neve.
Os caçadores furtivos procuram nestes leopardos em perigo a sua pele quente e órgãos internos, muito pretendidos para a medicina tradicional chinesa. Os agricultores, por outro lado, querem ver-se livre dos leopardos porque estes comem os seus animais. Assim, a população decresceu 20% nas duas últimas décadas.
Nos últimos anos, porém, esta estatística pode estar a mudar. De 2009 a 2011, Schaller e os seus colegas pesquisaram a população de leopardos-das-neves na região de Sanjiangyuan, província chinesa de Qingahi, no planalto tibetano.
Cerca de 80% das pessoas que vivem no habitat deste animal praticam o budismo tibetano, pelo que, por aqui, os animais não estão em perigo. Segundo os cientistas, a população de leopardos-das-neves deve aumentar nos próximos anos.
Por outro lado, metade dos 336 mosteiros tibetanos albergam estes animais, pelo que é normal que o seu ciclo de reprodução ajude à sua sobrevivência enquanto espécie e aumente o número de indivíduos.