“Tiroteio”, o grifo encontrado perto de Elvas que sobreviveu com 38 chumbos no corpo



Um grifo chamado “Tiroreio” tornou-se um exemplo de sobrevivência na fronteira entre Espanha e Portugal. O animal foi resgatado com 38 chumbos no seu corpo e, depois de receber cuidados em cativeiro, voltou à vida selvagem.

Com apenas alguns meses de vida, o grifo foi localizado numa zona de La Raya perto de Elvas e Badajoz em Novembro passado, explica à agência Efe, Samuel Infante, chefe do Centro de Estudos e Recuperação de Animais Silvestres (CERAS) de Castelo Branco.

Para o especialista é evidente que o animal foi alvejado à queima-roupa.

Nas primeiras duas semanas após o seu resgate esta espécie protegida na Península Ibérica teve uma evolução muito positiva, no entanto, voltou a agravar-se e foi submetido a novos testes.

Análises e raios-X mostraram que a causa da deterioração estava nos próprios elétrodos, já que o metal era absorvido pelo sangue.

O animal teve sorte de nenhum dos projéteis atingir os órgãos vitais, mas era importante, explica Samuel Infante, eliminar a dissolução do chumbo no sangue para que pudesse sobreviver.

Com tanto chumbo no organismo, a saúde mental e o sistema imunológico estavam muito debilitados, o que obrigou o animal a ser submetido a um tratamento especial utilizado em Espanha que possibilitava, através do cálcio, extrair os restos de chumbo diluído no sangue.

Após várias semanas de medicação, o “Tiroteio” acaba de ser libertado no concelho de Vila Velha de Ródão, zona muito próxima do local onde foi encontrado.

O animal mantém um registo nas suas asas com o número 76 para que os seus tratadores possam verificar se está a evoluir favoravelmente com as colónias instaladas na bacia do Tejo, na zona de Elvas e Badajoz.

Em Espanha existem mais de 35.000 casais de grifos e em Portugal cerca de meia centena vivem juntos nas zonas do Douro e do Tejo.

Estas aves podem viajar mais de 200 quilómetros por dia, pelo que é comum que os seus voos sejam encontrados entre Espanha e Portugal, salienta o responsável do CERAS, pertencente à associação Quercus, um dos mais ativos centros de recuperação de vida selvagem ativos em Portugal.





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