Todos os anos 250.000 caranguejos-ferradura doam o seu sangue azul para salvar humanos



Os límulos, também conhecidos como caranguejos-ferradura, são fósseis vivos, que habitam a Terra há 400 milhões de anos. Todos os anos, cerca de 250.000 exemplares doam o seu sangue azul para salvar inúmeras vidas humanas.

O sangue destes animais é invulgar por duas razões. A primeira é que é azul, pois utiliza cobre para transportar oxigénio para todas as partes do corpo, da mesma maneira que o ferro da hemoglobina faz com que o nosso sangue seja vermelho. A segunda é que o sangue destes animais marinhos reage à presença de endotoxinas bacteriológicas, coagulando em torno da contaminação e detendo-a numa substância parecida a gel.

O sangue dos caranguejos-ferradura é tão sensível que consegue reagir a uma contaminação numa concentração de uma parte por bilião. O componente químico do sangue dos caranguejos que causa esta reacção, a coagulação, é isolado e é utilizado num teste laboratorial para detectar se o equipamento médico, vacinas e outros injectáveis estão livres de contaminações bacteriológicas.

Até aqui tudo parece bem. Contudo, é necessário capturar todos estes animais para que o seu sangue possa ser extraído. Estes 250.000 animais são capturados na costa leste dos Estados Unidos todos os anos. Posteriormente, são transportados para uma de cinco empresas, limpos e preparados para a extracção de 30% do seu sangue. Alguns dias depois, são devolvidos ao mar, a uma distância considerável do local onde foram capturados, de forma a que não possam voltar a ser apanhados novamente.

Estima-se que entre 10 a 30% animais que são capturados para a extração de sangue acabam por morrer durante ou depois do processo. Um estudo revela mesmo que o processo é tão exigente para os caranguejos que as fêmeas, depois de lhes ter sido extraído sangue, viajam menos para os locais de desova, levando, consequentemente, à diminuição da taxa de reprodução da espécie.

A indústria de extração do sangue destes animais é maioritariamente norte-americana e gera anualmente €37,1 milhões, refere o Inhabitat. Antes de o processo de extracção do sangue de caranguejo ter sido aprovado nos anos 1970 pela Food and Drugs Administration, a entidade reguladora norte-americana, os testes para a detecção de contaminações eram feitos em coelhos e a sua reacção à contaminação podia demorar até 48 até se manifestar. Com o sangue de caranguejo este tempo de espera foi diminuído para 45 minutos.

Actualmente, os cientistas estão a investigar para produzir uma versão sintética do coagulante presente no sangue dos caranguejos, evitando assim que milhares de animais tenham de ser capturados todos os anos.





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