Turfeiras estão “perigosamente” desprotegidas, alertam cientistas



As turfeiras são zonas húmidas caracterizadas por uma mistura de matéria orgânica vegetal parcialmente decomposta e por minerais, e formam-se em zonas de acumulação de água, sendo, por isso, locais de grande diversidade biológica.

Além disso, são consideradas importantes sumidouros de carbono. Apesar de cobrirem apenas 3% da superfície do planeta, conseguem armazenar 600 milhões de toneladas de carbono, pelo que são importantes aliados no combate às alterações climáticas.

Contudo, os cientistas alteram que estão “perigosamente” desprotegidas, estimando-se que apenas 17% das turfeiras a nível mundial estejam inseridas em áreas protegidas. Essa percentagem contrasta com a maior proteção conferida a outros tipos de ecossistemas ameaçados, como os mangues, as florestas tropicais e os sapais.

Num artigo publicado na revista ‘Conservation Letters’, uma equipa internacional de 14 investigadores alerta para o perigo de deixar as turfeiras desprotegidas, especialmente quando cerca de 25% desses ecossistemas estão fortemente pressionados pelas atividades humanas a nível global, sobretudo pela expansão agrícola.

Descrevendo este estudo como “uma verdadeira referência” no que diz respeito ao estado de conservação das turfeiras em todo o mundo, Kemen Austin, da Wildlife Conservation Society (Estados Unidos da América) e primeiro autor do trabalho, declara que “estes ecossistemas vitais não têm, nem de perto nem de longe, o nível de proteção de que precisam”.

Angela Gallego-Sala, docente na Universidade de Exeter (Reino Unido) e coautora da investigação, salienta que “é muito importante que aumentemos o nível de proteção das turfeiras em todo o mundo”. Para ela, a degradação das turfeiras faz com que de sumidouros passem a ser emissoras de gases com efeito de estufa.

Além disso, lembra que esses ecossistemas são centrais para a subsistência de comunidades humanas que vivem perto deles.

Só a Rússia, o Canadá, a Indonésia, os Estados Unidos e o Brasil têm nos seus territórios cerca de 70% da área global de turfeiras. Ademais, o estudo revela que 27% de todas as turfeiras estão em terras de povos indígenas, que as têm gerido de forma a mantê-las saudáveis.

Por isso, os autores defendem que reforçar os direitos dessas comunidades sobre as suas terras é fundamental para proteger as turfeiras, com Paul Elsen, também coautor, a argumentar que “o nosso estudo revela um poderoso facto: que os povos indígenas são já importantes cuidadores das turfeiras”.

“Isso é importante porque significa que podemos melhorar a conservação das turfeiras ao fortalecer o direitos dos povos indígenas às terras, que é uma tendência que temos vindo já a observar em muitos países”, afirma o investigador em comunicado.





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