Última hora: Leia o relatório da ONU sobre economia verde em primeira mão
Um investimento anual de 950 mil milhões de euros – o equivalente a 2% do PIB mundial -, em dez sectores estratégicos seria suficiente para combater a pobreza global e gerar um crescimento mais verde e eficiente.
Esta é a principal conclusão de um relatório tornado público há minutos pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) em Nairóbi, no Quénia.
“Este [investimento] pode ser o pontapé inicial para a transição rumo a uma economia verde de baixo carbono e eficiência de recursos”, revela o relatório.
Este investimento, que seria apoiado por política nacionais e internacionais inovadoras, fomentaria o crescimento da economia global a níveis “provavelmente superiores aos dos actuais modelos económicos”.
O relatório sugere ainda um modelo económico que evitaria riscos, choques, escassez e crises cada vez mais inerentes à actual economia de alta emissão de carbono. “[O relatório] contesta os mitos de que investimentos ambientais vão contra o crescimento económico, trazendo à tona a má alocação de capital”.
O relatório mostra também a economia verde como um tema relevante não apenas para as economias mais desenvolvidas, mas também como um catalisador chave para o crescimento e erradicação da pobreza nas economias em desenvolvimento nas quais, em alguns casos, cerca de 90% do PIB está ligado à natureza e recursos naturais como a água potável.
De acordo com o estudo, este investimento seria tão mais importante quando, hoje, a economia global gasta entre 1 a 2% do PIB em subsídios que apenas prolongam a insustentabilidade do uso de recursos como os combustíveis fósseis, agricultura, água e pesca.
Por outro lado, a transição para a economia verde contribuirá para o desenvolvimento e aumento da renda per capita reflectiva nos actuais modelos económicos, fomentado também a redução da pegada ecológica em 50% até 2050.
“Com 2,5 bilhões de pessoas a viver com menos de 1,5 euros por dia e com um aumento populacional superior a dois mil milhões de pessoas até 2050, é evidente que devemos continuar a desenvolver e a fazer crescer as nossas economias. No entanto, este desenvolvimento não pode acontecer à custa dos próprios sistemas de apoio à vida na terra, dos oceanos e da atmosfera que sustentam as nossas economias e, por conseguinte, as vidas de todos nós”, explicou, na apresentação do relatório, Achim Steiner, sub-secretário Geral da ONU e director-executivo do PNUMA.
De acordo com o estudo, os 950 mil milhões de euros necessários para a transição para a economia verde seriam divididos por:
– 78 mil milhões para a agricultura, incluindo pequenas explorações;
– 97 mil milhões para o sector imobiliário, através da melhoria da eficiência energética;
– Mais de 260 mil milhões para o abastecimento de energia;
– Quase 80 mil milhões para a pesca, incluindo a redução de capacidade das frotas mundiais;
– 11 mil milhões de euros para a silvicultura, o que ajudaria também no combate às alterações climáticas;
– Mais de 55 mil milhões para a indústria, incluindo a dos produtos manufacturados;
– Quase 100 mil milhões para o sector do turismo;
– Mais de 135 mil milhões para o sector dos transportes;
– Quase 80 mil milhões para a gestão de resíduos, incluindo a reciclagem;
– 80 mil milhões para o sector da água, incluindo as questões de saneamento.
* Nos próximos minutos iremos publicar mais conclusões do estudo do PNUMA.