Último antepassado comum a grandes e pequenos símios seria parecido com um gibão



Há mais de dez milhões de anos, na região onde hoje se situa Barcelona, Espanha, as florestas cerradas, clima húmido e quente e abundância de água doce favoreciam a diversidade da fauna.

Hoje, a riqueza dos fósseis que têm vindo a ser encontrados naquela zona nos últimos 13 anos – mais precisamente num conjunto de escavações arqueológicas realizadas no Aterro de Can Mata – atestam da riqueza daquela antiga vida animal.

Há 11,6 milhões de anos era ali que vivia, de acordo com investigadores da Universidade Autónoma de Barcelona, um pequeno primata, hoje extinto – “um trepador lento e cauteloso”, dotado de uma grande flexibilidade de movimento e de alguma capacidade de se pendurar dos ramos, que comia fruta madura –, e cujos restos fósseis foram descobertos em 2011.

Um estudo da morfologia desse primata foi publicado hoje na revista Science, avança o jornal Público, pela equipa de Salvador Moyà-Solà. Segundo os autores, os seus resultados permitem concluir que o último antepassado comum aos hominídeos e aos gibões actuais, uma espécie baptizada de Pliobates cataloniae, não tinha bem o aspecto que se pensava.

Os hominídeos actuais incluem os grandes símios (chimpanzés, gorilas e orangotangos) e os humanos. O ramo que daria origem aos hominídeos terá divergido do ramo dos símios mais pequenos, dos quais os gibões são os representantes actuais, há uns 17 milhões de anos.

O registo fóssil, muito incompleto, sugeria que o mais recente antepassado comum a grandes e pequenos símios teria um tamanho corporal mais próximo do dos grandes símios. É justamente essa visão que a descoberta agora anunciada veio, segundo os autores do estudo, radicalmente alterar.

“Até aqui, a maioria dos cientistas pensava que, como todos os fósseis de [símios] descobertos eram de grande tamanho, o último antepassado comum aos gibões e aos hominídeos tinha tido, ele também, um corpo grande”, explicou David Alba, do Instituto Catalão de Paleontologia e primeiro autor do trabalho, citado num comunicado da sua instituição. “Mas esta descoberta vira tudo ao contrário.”

“Estes resultados sugerem que, pelo menos em termos de tamanho e de morfologia craniana, o mais recente antepassado comum aos [hominídeos e gibões] poderá ter sido mais parecido com os gibões (e menos parecido como os grandes símios) do que geralmente se supõe”, concluem os cientistas no seu artigo na Science.

Assim, ele pesaria entre quatro e cinco quilos e tinha um tamanho comparável ao dos mais pequenos gibões actuais. “É a primeira vez que um fóssil de primata desse tamanho apresenta um conjunto de características comuns aos hominídeos e gibões, presumivelmente herdados do último antepassado comum a todos eles, que viveu provavelmente em África vários milhões de anos antes de Pliobates cataloniae”.





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