Um Stradivarius pode medir as alterações climáticas?



A densidade da madeira pode ser uma das responsáveis pela qualidade dos famosos instrumentos construídos há centenas de anos. Ao longo do ano, as árvores crescem de forma diferente. Na Primavera, o crescimento é mais rápido, pelo que a madeira é leve e esponjosa. Já no Inverno, é escura e mais densa, quando o crescimento é menor. Todos estes factos ficam registados nos anéis da madeira. “Esse padrão influencia a qualidade de ressonância da madeira”, afirmou à BBC o médico holandês Berend Stoel, responsável do estudo publicado no jornal onlinePLoS ONE.

As tomografias computorizadas, que foram efectuadas em cinco violinos antigos mostram que a densidade é constante em todo o instrumento. Isso não se verificou nos sete violinos modernos analisados.  “As alterações climáticas podiam explicar parte das diferenças, mas o tratamento dado à madeira pode ser outra explicação”, disse Stoel, do Centro Universitário de Leiden.

Por outro lado, Joseph Nagyvary, professor emérito de Bioquímica da Universidade Texas A&M, foi a primeira pessoa a propor que os produtos químicos usados no fabrico dos violinos, e não tanto a habilidade de fazer o instrumento, foram a razão pela qual Antonio Stradivari e outros, fizeram instrumentos com um som único.

Agora, uma equipa de cientistas liderada por Hwan-Ching Tai, professor de Química na Universidade Nacional de Taiwan, corroborou essa teoria, mostrando que foram usados bórax, zinco, cobre e alúmen, juntamente com água de cal, para tratar a madeira usada nos violinos.

“O bórax tem uma longa história como conservante, que remonta aos antigos Egípcios, que o usavam na mumificação e, mais tarde, como inseticida”, disse Nagyvary, num comunicado da universidade norte-americana.

A presença destes produtos químicos aponta para uma colaboração entre os fabricantes de violinos e as farmácias locais e os farmacêuticos daquela época. Tanto Stradivari como Guarneri gostariam de tratar os seus violinos para evitar que os vermes comessem a madeira, porque as infestações eram muito comuns naquela altura”, acrescentou.

O estudo foi publicado na revista científica Angewandte Chemie.





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